Pedro Sánchez rejeita eleições antecipadas em meio a escândalos e anuncia auditoria ao PSOE

Pedro Sánchez em coletiva de imprensa na Embaixada da Espanha em Pequim, China, abril de 2025.
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez durante entrevista coletiva na Embaixada da Espanha em Pequim, em 11 de abril de 2025. Foto: REUTERS/Tingshu Wang.

Na quinta-feira, 12 de junho de 2025, o primeiro‑ministro espanhol Pedro Sánchez pediu desculpas à população após a renúncia de Santos Cerdán, secretário de organização do PSOE e colaborador de longa data, em meio a acusações de corrupção ligadas a um suposto esquema de pagamentos irregulares em contratos públicos. Embora tenha reconhecido falhas na avaliação de seu círculo íntimo, Sánchez descartou convocar eleições antecipadas e confirmou a contratação de uma auditoria externa às contas do partido, num esforço para reforçar a transparência e conter a crise.

O escândalo Santos Cerdán

Santos Cerdán foi chamado a depor pelo Supremo Tribunal em 25 de junho, acusado de envolvimento em um suposto esquema de subornos na contratação de obras públicas. De acordo com relatório da Unidade Central Operativa (UCO), grampos telefônicos registraram conversas de Cerdán com o ex-ministro José Luis Ábalos e seu assessor Koldo García sobre comissões indevidas, o que pode resultar em penas de até oito anos de prisão, caso seja condenado. Cerdán nega as acusações e afirma que provará sua inocência durante o depoimento.

Contexto político e fragilidade da coalizão

Desde 2019, Sánchez governa em coalizão com partidos à esquerda — incluindo Unidas Podemos e Sumar — com apoio parlamentar minoritário. A sucessão de escândalos envolvendo seu entorno e familiares tem reforçado a narrativa da oposição de falta de ética e credibilidade, dificultando a aprovação de reformas-chave, como a nova lei do trabalho e o pacote climático.

Auditoria e medidas de transparência

Para atenuar o desgaste, o PSOE contratou uma firma de auditoria independente para revisar seis anos de balanços, doações e contratos, com prazo de entrega em três meses. Paralelamente, Sánchez sinalizou uma reestruturação na Executiva Federal, substituindo quadros mais próximos de Cerdán por perfis com histórico limpo. Em pronunciamento, enfatizou que essas ações visam “restaurar a confiança dos cidadãos” e “assegurar a integridade do projeto socialista” até o final da legislatura, em 2027.

Pressão da oposição e apoio na coalizão

O Partido Popular (PP) e o Vox exigem explicações detalhadas e pressionam por eleições gerais imediatas, alegando risco à governabilidade. Alberto Núñez Feijóo, líder do PP, declarou que Sánchez perdeu “autoridade moral” e que o país não pode esperar até 2027 para renovação política (The Guardian). Em contrapartida, parceiras de coalizão, como a vice-primeira-ministra Yolanda Díaz (Sumar), manifestaram apoio ao primeiro-ministro, argumentando que o compromisso programático — com reformas sociais e ambientais — justifica a manutenção do governo.

Perspectivas e riscos eleitorais

Pesquisas internas do PSOE indicam risco de perda de até 15% dos votos caso novas eleições fossem convocadas ainda este ano, num eleitorado cada vez mais volátil e descontente com a crise econômica pós-pandemia. Analistas ressaltam que a capacidade de Sánchez em demonstrar resultados concretos na auditoria e na agenda de reformas será crucial para sua sobrevivência política.

Conclusão

Com a auditoria em andamento e ajustes na cúpula partidária, o teste de resiliência de Pedro Sánchez permanece em curso. A manutenção de seu governo dependerá da efetividade das medidas de transparência e de sua habilidade de reverter o desgaste parlamentar, consolidando alianças de centro-esquerda e restaurando a fé dos eleitores no projeto socialista.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*