Noruega Rumo à Meta de 5% da OTAN: Expansão de Gastos com Defesa e Segurança

Primeiro-ministro norueguês Jonas Gahr Støre durante discussão pública antes da cúpula da Força Expedicionária Conjunta liderada pelo Reino Unido em Tallinn, dezembro de 2024.
Jonas Gahr Støre fala em evento público em Tallinn, Estônia, antes da cúpula da Força Expedicionária Conjunta (JEF), dezembro de 2024. Foto: REUTERS/Ints Kalnins.

Diante do recrudescimento das tensões na Europa e da incerteza sobre o papel norte-americano na garantia coletiva de segurança, a Noruega anunciou seu plano de elevar os gastos nacionais com defesa e segurança para 5% do Produto Interno Bruto (PIB). A iniciativa, alinhada à proposta trazida pelo primeiro‑ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, será tema central na cúpula da OTAN marcada para 24 e 25 de junho em Haia. Neste artigo, analisamos o contexto estratégico, o detalhamento orçamentário norueguês, o financiamento por meio do fundo soberano, os desafios políticos internos e as implicações mais amplas para a Aliança Atlântica.

Contexto Estratégico

  • O aumento de agressões russas na fronteira oriental da OTAN e as disputas por recursos no Ártico trouxeram à tona a necessidade de reforço da capacidade de dissuasão dos países nórdicos.
  • A administração anterior dos Estados Unidos colocou em xeque o compromisso americano, fortalecendo a urgência de uma Europa mais autônoma em termos de defesa.
  • A proposta de Rutte, apresentada em encontro ministerial prévio à cúpula, sugere que cada membro aloque 3,5% do PIB em capacidades militares tradicionais e 1,5% em medidas de segurança complementares.

Estrutura do Plano Norueguês

  • Defesa Convencional (3,5% do PIB): inclui aquisição de fragatas, submarinos, sistemas antiaéreos de longo alcance e manutenção do contingente de conscritos, além de apoio direto à Ucrânia.
  • Segurança Ampliada (1,5% do PIB): abrange investimentos em ciberdefesa, logística de mobilidade militar e fortalecimento da resiliência civil em face a crises híbridas.
  • A meta de 5% será alcançada gradualmente, com projeção de cumprimento total após 2030, dependendo de ajustes acordados em Haia.

Evolução Orçamentária e Cronograma

  • Entre 2022 e 2024, a Noruega elevou seu gasto com defesa de 1,4% para 2,2% do PIB.
  • A Lei de Diretrizes de Defesa aprovada em 2024 prevê incremento para 3,3% em 2025 e alocação de cerca de 600 bilhões de coroas norueguesas (cerca de US$ 56 bilhões) até 2036.
  • O cronograma oficial projeta expansão gradual do efetivo de conscritos de 9 000 para 13 500 até o início da próxima década.

Financiamento pelo Fundo Soberano

  • Com um fundo soberano avaliado em quase US$ 2 trilhões, a Noruega não depende de endividamento adicional.
  • As receitas de petróleo e gás do Mar do Norte continuam a abastecer o fundo, permitindo investimentos sem comprometer a saúde fiscal nem demandar aumentos de impostos.

Resistências e Debate Político

  • Países como Espanha manifestaram preocupação sobre a viabilidade de elevar a 5% do PIB, citando impactos sobre políticas sociais.
  • O governo norueguês defende uma aplicação faseada e flexível, conforme as diferentes realidades econômicas dos aliados.
  • Debates em Haia devem definir prazos, métricas comuns e critérios de prestação de contas para os componentes de defesa e segurança.

Impacto na OTAN e Futuro da Defesa Europeia

  • A Noruega, ocupando posição estratégica no flanco norte da Aliança, espera inspirar outros membros a reforçar compromissos financeiros.
  • A consolidação de um padrão de 5% robusteceria a dissuasão contra ameaças do Leste e fomentaria maior interoperabilidade entre forças.
  • Além do fortalecimento militar, a iniciativa pode catalisar a indústria de defesa nacional e promover avanços em inovação tecnológica.

Conclusão

O ambicioso programa de elevação dos gastos noruegueses reflete não apenas a responsabilização crescente dos aliados europeus pela própria segurança, mas também a capacidade fiscal única de Oslo. À medida que a OTAN busca renovar e aprofundar sua coesão na cúpula de Haia, o exemplo norueguês poderá ser decisivo para estabelecer novos padrões de defesa coletiva para a próxima década.

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