Crise na Liderança de Paetongtarn Shinawatra: O Impacto do Vazamento e os Desdobramentos Políticos

Primeira-ministra tailandesa Paetongtarn Shinawatra fala em coletiva após vazamento de ligação com Hun Sen sobre disputa fronteiriça, Bangkok, junho de 2025.
Paetongtarn Shinawatra durante coletiva no Governo, em Bangkok, após vazamento da ligação telefônica com Hun Sen sobre o conflito na fronteira com o Camboja, junho de 2025. /Reuters

Nos últimos dias de junho de 2025, a premiê tailandesa Paetongtarn Shinawatra enfrenta uma severa crise política desencadeada pelo vazamento de uma conversa telefônica com o ex-primeiro-ministro cambojano Hun Sen. A repercussão pública, acompanhada pela saída de um importante partido da coalizão governista e pelo agendamento de protestos em Bangkok, colocou em xeque sua permanência no cargo. Este artigo revisa os principais fatos, corrige imprecisões, incorpora informações recentes sobre o apoio da coalizão e as repercussões econômicas, oferecendo uma análise detalhada do cenário político tailandês atual.

Contexto da Disputa Fronteiriça

A tensão entre Tailândia e Camboja escalou após o incidente de 28 de maio de 2025, no posto fronteiriço de Chong Bok, quando um soldado cambojano foi morto. A presença de reforços militares de ambos os lados elevou o risco de confrontos diretos, pressionando o governo de Paetongtarn a buscar uma solução diplomática antes que o conflito se agravasse.

O Vazamento do Telefonema

Em 15 de junho, Paetongtarn contatou Hun Sen buscando apoio para conter tensões, referindo-se a um general tailandês como adversário. No dia 18, o áudio foi divulgado por Hun Sen, provocando acusações de que a premiê teria “sacrificado” a dignidade nacional em negociações particulares.

Reações e Saída do Bhumjaithai Party

No mesmo dia do vazamento, o Bhumjaithai Party anunciou sua retirada da coalizão, acusando Paetongtarn de comprometer a soberania tailandesa. Com isso, o governo perdeu 69 cadeiras parlamentares, ficando com maioria apertada e sob intensa pressão para formar acordos emergenciais.

Apoio Reafirmado e Pedido de Permanência

Em pronunciamento no dia 21 de junho, a premiê obteve o compromisso dos demais parceiros, incluindo o United Thai Nation (UTN), de manterem o suporte ao governo, desde que fossem feitas concessões na distribuição de ministérios. Além disso, Sorawong Thienthong, ministro do Turismo e membro sênior do Pheu Thai, confirmou que Paetongtarn não renunciará nem dissolverá o Parlamento, optando por enfrentar as críticas internamente.

Desdobramentos Econômicos

A crise política afetou os mercados: o índice acionário tailandês caiu até 2,4% em meados de junho, registrando seu menor patamar desde 9 de abril de 2025. Analistas associam a volatilidade ao receio de instabilidade prolongada e à incerteza sobre o futuro das principais reformas econômicas prometidas pela premiê.

Manifestação e Riscos de Instabilidade

Grupos ativistas, veteranos de protestos contra a família Shinawatra, convocaram atos em Bangkok a partir de 28 de junho, exigindo a renúncia de Paetongtarn. O temor de confrontos com as forças de segurança reacende memórias dos golpes militares anteriores, situando o país em um ponto crítico entre protestos populares e possível intervenção institucional.

Cenários e Desafios Futuros

A continuidade do governo dependerá da articulação parlamentar para evitar moções de desconfiança, do manejo das relações com o Exército — guardião influente dos regimes anteriores — e da eficácia na resolução da crise fronteiriça sem sacrificar a imagem de soberania nacional. Qualquer falha pode levar a eleições antecipadas e ao enfraquecimento do Pheu Thai, beneficiando partidos de oposição.

Conclusão

A crise provocada pelo vazamento da ligação entre Paetongtarn Shinawatra e Hun Sen escancarou vulnerabilidades na coalizão governista e reacendeu debates sobre o papel das Forças Armadas na política tailandesa. Apesar do reforço temporário de aliados como o United Thai Nation, a premiê caminha sobre terreno instável, com protestos agendados e pressão de grupos nacionalistas. A sustentabilidade de seu governo dependerá de sua habilidade em equilibrar a diplomacia sensível com o Camboja, assegurar apoio parlamentar consistente e demonstrar capacidade de preservar a soberania nacional sem comprometer a estabilidade interna. O desfecho dessa conjuntura será determinante para o futuro institucional da Tailândia e poderá redefinir a influência da dinastia Shinawatra na política do país.

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