Protesto contra a cúpula da OTAN em Haia volta-se contra ataques dos EUA ao Irã

Pessoas participam de uma marcha contra a próxima cúpula de líderes da OTAN em Haia, Países Baixos, em 22 de junho de 2025.
Manifestantes marcham em Haia contra a cúpula da OTAN e os recentes ataques dos EUA ao Irã, em 22 de junho de 2025. Foto: REUTERS/Piroschka van de Wouw.

No dia 22 de junho de 2025, um protesto pacífico em Haia, originalmente organizado para criticar as políticas militares da OTAN, mudou seu foco para condenar os recentes ataques aéreos dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas. A manifestação ocorreu poucos dias antes da cúpula da aliança, marcada para 24 e 25 de junho, em meio ao receio de que a escalada no Oriente Médio possa arrastar a Europa para um conflito ainda maior.

Desdobramento do protesto em Haia

Organizadores estimaram a participação de cerca de 5.000 pessoas, embora a polícia local não divulgue números oficiais. O grupo marchou do Koekamp até o Palácio da Paz, sede da Corte Internacional de Justiça, empunhando faixas com as mensagens “#NoIranWar” e “#HandsOffIran”. Também pediam o fim da OTAN e a priorização de diálogos diplomáticos em vez de armamentos

Vozes do protesto

Nikita Shahbazi, iraniana residente na Europa, declarou:

“É dilacerante ver o que está acontecendo em meu país. Esses ataques podem abrir caminho para ataques ilegais a instalações nucleares em qualquer lugar do mundo.”.

Pippa Bartolotti, ativista britânica, criticou vigorosamente a proposta de elevar para 5% do PIB o gasto com defesa, defendida pelo presidente Trump e pelo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte:

“Não precisamos dessa provocação; esse percentual beneficia apenas o complexo militar-industrial e não atende às reais necessidades da população.”

Demandas centrais

Além da rejeição às operações militares, os manifestantes pediram investimentos em energias sustentáveis e serviços sociais, criticando a escalada armamentista que redistribui recursos públicos de áreas essenciais, como saúde e educação, para os cofres da indústria bélica. Muitos também lamentaram a posição de líderes europeus – entre eles o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que se manifestou publicamente contra o aumento para 5% do PIB em defesa – acusando-os de ceder a pressões de Washington em detrimento das prioridades domésticas.

Medidas de segurança e contexto da cúpula

Para a cúpula de 24 e 25 de junho, as autoridades holandesas ativaram a operação “Orange Shield”, considerada a maior mobilização de segurança na história dos Países Baixos, com milhares de agentes, drones de vigilância e reforço cibernético. O objetivo é proteger cerca de 8.500 convidados de 32 países membros, que discutirão não apenas a guerra na Ucrânia e o confronto com a Rússia, mas também as crescentes tensões no Oriente Médio e os rumos do orçamento de defesa.

Perspectivas e riscos futuros

Analistas alertam que o envolvimento direto dos EUA pode transformar o conflito Israel-Irã em uma guerra regional mais ampla, envolvendo aliados de ambos os lados e gerando instabilidade global. Na opinião dos manifestantes, apenas um movimento unificado por desarmamento e diplomacia pode conter essa espiral de violência, em vez de ampliá-la por meio de pactos militares cada vez mais robustos.

Conclusão

O protesto em Haia sinaliza a profunda insatisfação de segmentos da sociedade civil europeia com a militarização crescente patrocinada pela OTAN e pelos Estados Unidos. À véspera da cúpula, esses manifestantes reforçam a exigência de que líderes globais coloquem a negociação e o bem-estar humano acima da lógica de confronto, sob pena de mergulhar o mundo numa guerra ainda mais devastadora.

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