![AFP__20250225__36YN9WW__v1__HighRes__ComboUsUkraineRussiaDiplomacyConflictTrumpZelen-1740529774 Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, em 12 de fevereiro de 2025, e presidente dos EUA, Donald Trump, em 25 de fevereiro de 2025 [Tetiana Dzhafarova e Jim Watson/AFP]Fonte: Al Jazeera](https://ejbbd5or267.exactdn.com/wp-content/uploads/2025/02/AFP__20250225__36YN9WW__v1__HighRes__ComboUsUkraineRussiaDiplomacyConflictTrumpZelen-1740529774-678x381.webp?strip=all&lossy=1&ssl=1)
Em uma coletiva na Casa Branca nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que espera que o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, assine um acordo bilaterial para desenvolver conjuntamente os recursos naturais da Ucrânia – com ênfase especial nos minerais de terras raras – já nesta sexta-feira.
Detalhes do Acordo
Trump confirmou que o acordo, avaliado em até US$ 1 trilhão, permitirá o acesso dos americanos aos minerais estratégicos presentes na Ucrânia, além de garantir o retorno do investimento dos contribuintes, “com um acréscimo”. Segundo o presidente, o acordo vem em meio a um contexto de elevados gastos – com centenas de bilhões de dólares destinados à guerra contra a Rússia e ao apoio militar à Ucrânia – e representa uma oportunidade para equilibrar esses investimentos.
Em resposta à pergunta sobre o que Kiev receberia em troca, Trump citou um pacote de ajuda já fornecido, no valor de US$ 350 bilhões, somado a equipamentos militares e a manutenção das capacidades de defesa do país. Vale destacar que o Congresso dos EUA destinou US$ 174 bilhões para a Ucrânia entre 2022 e 2024, conforme dados do Congressional Research Service.
Contexto Político e Pressões
O anúncio surge após relatos de que um acordo havia sido alcançado depois que Zelensky rejeitou uma proposta anterior que, segundo as informações, exigia a cessão dos direitos sobre recursos naturais avaliados em US$ 500 bilhões. Inicialmente, o líder ucraniano havia recusado a proposta por considerar que ela carecia de garantias de segurança essenciais. Contudo, Trump informou que “aplicou uma pressão significativa” para ajustar os termos e tornar o acordo mais palatável para Kiev.
Especialistas analisam que o acordo pode representar uma tentativa de “reset” nas relações entre Washington e Kiev, sobretudo após as recentes críticas de Trump – que chegou a chamar Zelensky de “ditador” por suspender as eleições em meio ao conflito – e sua decisão controversa de excluir o país das negociações com Moscou para o fim da guerra.
Perspectivas e Implicações
De acordo com Charles Stratford, da Al Jazeera, fontes ucranianas indicam que o gabinete de Zelenskyy pode recomendar a assinatura do acordo ainda esta semana, sinalizando uma possível mudança de postura diante das pressões externas. Por sua vez, Matthew Sussex, do Australian National University, destacou que, mesmo sem garantias de segurança explícitas, o acordo pode oferecer aos EUA e à Ucrânia uma via para redefinir suas relações num cenário de intensas disputas geopolíticas.
O acordo também prevê que a Ucrânia contribua com 50% dos lucros obtidos na futura monetização dos seus recursos para a criação de um fundo conjunto, que investirá em projetos internos. Entretanto, o percentual da participação dos EUA nesse fundo ainda não foi definido, conforme apontam informações do Financial Times.
Conclusão
Com reservas que representam cerca de 5% das terras raras do mundo, a Ucrânia possui um potencial estratégico significativo para setores como a fabricação de eletrônicos, baterias e ímãs. Se efetivado, o acordo “muito grande”, como afirmou Trump, pode redefinir o panorama econômico e político entre os EUA e a Ucrânia, ao mesmo tempo em que adiciona uma nova dimensão às tensões geopolíticas em curso na região.
Enquanto a assinatura oficial do acordo ainda aguarda confirmação, o desenvolvimento deste novo capítulo nas relações bilaterais promete ser determinante para o futuro dos investimentos estratégicos e do equilíbrio de poder no cenário global.
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