US B-2 Spirit e “Bunker-Busters” em Ataques ao Irã: Uma Avaliação Abrangente

B-2 Spirit da Força Aérea dos EUA decolando da Base Aérea de Andersen, em Guam, em 11 de janeiro de 2018.
Um bombardeiro B-2 Spirit da Força Aérea dos EUA decola da Base Aérea de Andersen, em Guam, em 11 de janeiro de 2018. U.S. Air Force / Airman 1st Class Gerald Willis / via REUTERS (Foto de arquivo)

No sábado, a Força Aérea dos Estados Unidos lançou um ataque que o presidente Donald Trump classificou como “muito bem-sucedido”, atingindo três instalações nucleares iranianas, incluindo o complexo fortificado de Fordow. Pela primeira vez, bombardeiros furtivos B-2 Spirit e as bombas de penetração profunda MOP (Massive Ordnance Penetrator) foram empregados de forma coordenada para neutralizar alvos subterrâneos. Este episódio representa o ápice — e o maior risco — da estratégia de projeção de poder norte-americana.

Contexto da Incursão

A rápida evolução das defesas aéreas no Oriente Médio e a crescente sofisticação dos programas nucleares levaram Washington a optar por uma ação direta. Inteligência de múltiplas fontes indicou que os sítios de Natanz, Fordow e Arak abrigavam centros subterrâneos de pesquisa e enriquecimento, protegidos por dezenas de metros de concreto.

Escolha do B-2 Spirit

  • Tecnologia Furtiva: RCS (Radar Cross Section) comparável ao de um pequeno pássaro, permitindo penetração em defesas antiaéreas avançadas.
  • Alcance Global: Mais de 11.000 km sem reabastecimento, possibilitando decolagens em bases nos EUA e ataques diretos ao Irã.
  • Produção Limitada: Apenas 21 unidades construídas, com custo aproximado de US$ 2,1 bilhões cada.

Emprego das “Bunker-Busters” MOP

As GBU-57A/B MOP, com peso de 13,6 toneladas, foram projetadas para:

  • Penetrar mais de 60 m de concreto subterrâneo.
  • Guiagem por GPS-inercial, garantindo precisão de impacto inferior a 5 m.
  • Limitação de carga: máximo de duas bombas por aeronave. Relatórios confirmam o uso de seis MOPs no sítio de Fordow.

Análise Tática e Tecnológica

CaracterísticaB-2 SpiritMOP (GBU-57A/B)
Alcance sem reabastecer> 11.000 km
Carga interna máxima> 18.000 kg13.600 kg por unidade
FurtividadeMateriais absorventes + design angular
PrecisãoCEP < 10 m (JDAM/JSOW/JASSM)CEP < 5 m
Penetração de concreto> 60 m

Implicações Geopolíticas

  • Escalada Regional: Ação pode provocar retaliações assimétricas, como ataques cibernéticos ou por milícias pró-iranianas.
  • Desafio Diplomático: Países europeus pedem contenção, enquanto aliados no Golfo celebram demonstração de força.
  • Novo Paradigma Militar: Mistura de furtividade e poder de penetração redefine opções contra alvos subterrâneos.

Riscos e Desafios

  1. Inteligência Incompleta: Possíveis instalações não detectadas podem comprometer resultados.
  2. Vulnerabilidade das Bases: Posições dos EUA no Catar e Emirados ficam sob ameaça de ataques de mísseis ou drones.
  3. Credibilidade Diplomática: A violação de soberania dificulta futuras negociações nucleares.

Futuro da Capacidade de Bombardeiro Furtivo

O sucessor do B-2, o B-21 Raider, realizou seu primeiro voo de teste em 10 de novembro de 2023 e entra em produção inicial até 2026, com IOC previsto para 2030. A Força Aérea planeja adquirir entre 100 e 200 unidades, cada uma estimada em US$ 700–750 milhões, prolongando a dissuasão estratégica dos EUA nas próximas décadas.

Conclusão

A operação conjunta do B-2 Spirit e das bombas MOP no Irã demonstra a vanguarda tecnológica e a vontade política dos Estados Unidos em neutralizar ameaças nucleares subterrâneas. Contudo, o êxito tático convive com riscos estratégicos consideráveis, exigindo que a comunidade internacional equilibre poderio militar e esforços diplomáticos para evitar uma escalada irreversível.

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