
Na manhã deste domingo, 25 de maio de 2025, ataques aéreos conduzidos pelo Exército de Defesa de Israel atingiram simultaneamente três localidades na Faixa de Gaza – Khan Younis, Jabalia e Nuseirat – resultando em pelo menos 23 mortes, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas em Gaza. Entre as vítimas, estavam o jornalista local Hassan Majdi Abu Warda, morto ao ter sua residência atingida em Jabalia, e o oficial sênior do serviço de resgate civil Ashraf Abu Nar, atingido junto à esposa em Nuseirat.
Contextualização geográfica e tática
- Khan Younis (sul): Operações aéreas focadas em supostos pontos de lançamento de foguetes.
- Jabalia (norte): Destruição da casa de Abu Warda, com confirmação de múltiplas vítimas civis.
- Nuseirat (centro): Ataque residencial que matou Abu Nar e sua esposa, enfraquecendo a capacidade de resposta emergencial local.
Os bombardeios fazem parte de uma ofensiva contínua iniciada após o ataque transfronteiriço do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.200 mortos em Israel e 251 reféns levados a Gaza.
Consequências para jornalistas e socorristas
Com a morte de Hassan Majdi Abu Warda, o número de profissionais de mídia mortos em Gaza desde o início do conflito alcançou 220, conforme comunicado do escritório de imprensa do governo de Gaza. Essa estatística reforça os riscos extremos a que jornalistas locais estão expostos, reduzindo a cobertura independente e a transparência sobre a situação no terreno.
A eliminação de Ashraf Abu Nar – figura-chave no serviço de resgate civil – agrava o colapso das operações de emergência, cujos veículos e equipes já operavam sob constantes ameaças de novos ataques. A deficiência de pessoal e recursos torna ainda mais difícil socorrer feridos e proteger civis presos em áreas de combate intenso.
Controle territorial e impacto sobre a população
O governo de Gaza informou que as forças israelenses controlam atualmente 77% do território, seja por presença direta de tropas, ordens de evacuação forçada ou bombardeios que impedem o retorno às residências – uma estratégia que expulsa milhares de famílias de suas casas e restringe severamente o acesso a serviços básicos.
Entidades como a ONU e organizações humanitárias alertam para o aumento dos casos de desnutrição severa, especialmente entre crianças, e para o colapso dos sistemas de saúde e saneamento. Os hospitais restantes operam com estoques críticos de medicamentos e combustível, agravando ainda mais a crise humanitária.
Reação dos grupos armados e da comunidade internacional
Em resposta aos bombardeios, as alas militares do Hamas e da Jihad Islâmica afirmaram ter realizado emboscadas e disparado foguetes antitanque contra tropas israelenses em várias frentes de Gaza.
Autoridades internacionais e ONGs vêm denunciando o uso de escudos humanos por parte de soldados israelenses, levantando questões sobre violações ao Direito Internacional Humanitário. Esses relatos foram detalhados em reportagens recentes da The Guardian, que documentam depoimentos de soldados e detidos palestinos sobre a prática. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, qualificou a fase atual do conflito como a “mais cruel” até o momento, e exigiu acesso humanitário irrestrito.
Análise e perspectivas
- Destruição sistemática de infraestrutura civil: A perda de profissionais de socorro compromete a resposta emergencial, aprofundando o número de vítimas após cada ofensiva.
- Redução do fluxo de informações: O crescimento na mortalidade de jornalistas locais fragiliza o monitoramento independente e dificulta a responsabilização por danos a civis.
- Escalada sem solução diplomática: Sem um cessar-fogo apoiado por mediações internacionais – mediadas por Egito, Catar e ONU –, o ciclo de violência se perpetua, agravando o sofrimento da população.
Conclusão
Os ataques deste domingo, 25 de maio de 2025 reforçam a vulnerabilidade de civis, jornalistas e socorristas em zonas de conflito urbano. Enquanto não houver mecanismos efetivos de proteção e mediação de paz, a Faixa de Gaza permanecerá imersa em uma crise humanitária sem precedentes, marcada por destruição contínua, deslocamento em massa e incertezas.
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