Pelo menos uma pessoa morta enquanto ataques israelenses assolam o sul do Líbano

Fumaça sobe do distrito de Nabatieh após ataques israelenses, vista de Marjayoun, no sul do Líbano.
Fumaça densa se eleva no distrito de Nabatieh depois de ataques aéreos israelenses, capturada a partir de Marjayoun, sul do Líbano. [Karamallah Daher/Reuters]/ Al Jazeera

Em 27 de junho de 2025, a Força Aérea de Israel lançou uma série de ataques aéreos intensos contra o sul do Líbano, marcando a punição mais severa desde o cessar-fogo mediado pelos EUA em novembro de 2024. Segundo o Ministério da Saúde libanês, um edifício residencial em Nabatieh foi atingido, resultando na morte de uma mulher e em 21 feridos no local; outras operações deixaram feridos em localidades vizinhas.

Recorrência de violações do cessar-fogo

Desde o acordo de trégua de 27 de novembro de 2024, que encerrou 14 meses de conflito, as hostilidades não cessaram totalmente. Dados investigados pelo The Washington Post apontam 172 mortes e 409 feridos atribuídos a ataques israelenses na região desde então. Autoridades libanesas registram também quase 1.100 incidentes de violação da trégua, incluindo disparos de drones e incursões de tropas em cinco postos israelenses dentro do território libanês.

Alvo: infraestrutura subterrânea do Hezbollah

O IDF (Forças de Defesa de Israel) declarou ter mirado um complexo subterrâneo em Beaufort Ridge, utilizado pelo Hezbollah para armazenamento de foguetes e sistemas de defesa. Segundo comunicado oficial, o local vinha sendo reativado pelo grupo, o que configuraria desrespeito ao cessar-fogo. O ataque ocorreu em duas fases, empregando munições perfurantes de bunker para destruir completamente as instalações.

Narrativas divergentes sobre danos civis

A imprensa estatal libanesa atribuiu diretamente às bombas israelenses a destruição do edifício e as vítimas em Nabatieh. Já o porta-voz Avichay Adraee, em postagem no X, afirmou que a explosão teria sido causada pelo detonação de um foguete do Hezbollah armazenado junto às residências, acionado indiretamente pela ação israelense. Adraee acusou o Hezbollah de “colocar deliberadamente armamentos em áreas civis, pondo em risco a população”.

Reação política em Beirute

O Presidente Michel Aoun condenou veementemente os ataques como “flagrantes violações de soberania” e do próprio cessar-fogo, que determina a retirada de todos os combatentes não estatais do sul do Líbano e a saída completa de tropas israelenses. O Primeiro-Ministro interino, Najib Mikati, apelou à comunidade internacional por “medidas efetivas” para garantir a proteção da população civil e a implementação do acordo.

Impacto humanitário

Além da tragédia imediata em Nabatieh, os bombardeios repetidos agravam a crise humanitária: infraestrutura básica é danificada, despejos forçados geram êxodo interno e há risco crescente de explosões de munições não detonadas. Agências de ajuda pedem acesso irrestrito a regiões afetadas para atendimento médico e entrega de suprimentos essenciais.

Perspectivas de escalada

Analistas alertam que o ciclo de ataques e retaliações pode levar a um conflito mais amplo. A população local, exposta diariamente ao medo, tende a fortalecer o apoio ao Hezbollah, enquanto Israel, buscando eliminar ameaças futuras, arrisca reacender uma guerra em larga escala. O futuro do sul libanês permanece incerto, dependente agora da pressão diplomática que se exerça — ou não — para que o cessar-fogo seja de fato respeitado.

Conclusão

O recente aumento nos ataques israelenses ao sul do Líbano evidencia a fragilidade do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, mostrando que o equilíbrio delicado entre Israel e Hezbollah permanece ameaçado. As divergências nas narrativas sobre os danos civis, somadas às constantes violações do acordo, reforçam a dificuldade de garantir uma paz duradoura na região. Enquanto os civis libaneses continuam a pagar o preço mais alto, a ausência de uma supervisão internacional efetiva e de um compromisso genuíno das partes para respeitar os termos do cessar-fogo acirra o risco de uma nova escalada de violência. A comunidade internacional precisa intensificar seu papel diplomático para preservar a estabilidade regional e proteger vidas inocentes, evitando que um conflito aberto volte a devastar o Líbano e suas fronteiras.

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