Kremlin culpa Ucrânia pelo atentado que matou general perto de Moscou

Oficiais de segurança trabalham no local do atentado a carro-bomba que matou oficial militar sênior russo, em Balashikha, nos arredores de Moscou, 25 de abril de 2025.
Oficiais de segurança investigam a cena do atentado que resultou na morte do tenente-general Yaroslav Moskalik, em Balashikha, ao leste de Moscou. O ataque ocorreu horas antes de uma reunião entre o presidente Putin e o enviado dos EUA, Steve Witkoff. REUTERS/Yulia Morozova

Na manhã de 25 de abril de 2025, um carro-bomba explodiu em frente a um prédio de apartamentos em Balashikha, nos arredores de Moscou, matando o tenente-general Yaroslav Moskalik, 59 anos, vice-chefe da Diretoria Principal de Operações do Estado-Maior das Forças Armadas russas .

O atentado

Segundo o Comitê de Investigação russo, “a explosão ocorreu em função da detonação de um artefato explosivo caseiro, recheado de elementos de fragmentação” . Imagens mostraram um carro em chamas e destroços espalhados no pátio do condomínio. Moradores relataram pânico e correria após a detonação .

Reações oficiais

  • Kremlin: Porta-voz Dmitry Peskov acusou o “regime de Kyiv” de “atividade terrorista em nosso território” e afirmou que, “apesar das conversas de paz, devemos nos manter em alerta” .
  • Ucrânia: O Serviço de Segurança (SBU) não comentou o incidente .
  • Organizações de direitos humanos: Especialistas destacam que assassinatos direcionados de oficiais fora de zona de combate violam o Direito Internacional Humanitário e configuram terrorismo .

Perfil e papel de Yaroslav Moskalik

Moskalik era considerado uma estrela em ascensão no Estado-Maior russo. Formado na Academia Militar Frunze e com doutorado em ciências militares, destacou-se pela abordagem sistemática em operações complexas. Participou das negociações do Formato Normandia em 2015 e liderou relatórios sobre cooperação militar-técnica na África e no Oriente Médio em 2021 . Estava cotado para chefiar o Centro Nacional de Gestão de Defesa, reflexo da confiança de Putin em sua visão integrada de comando.

Impacto sobre o público interno russo

A morte de um general gera choque na opinião pública e entre as tropas, corroendo a narrativa de invulnerabilidade do Kremlin. Psicólogos políticos afirmam que ataques a altos oficiais visam criar insegurança interna, fortalecendo apoio a medidas de segurança rígidas e a retórica de guerra . No âmbito militar, a perda de um estrategista desse calibre pode levar a maior cautela em futuras operações, reduzindo potencial ofensivo no front ucraniano.

Perspectiva da mídia russa

Veículos estatais como RT e TASS ressaltam a acusação contra a Ucrânia, usando termos como “terrorismo de Estado” para consolidar a narrativa de ameaça externa . Em editoriais do Kommersant, pede-se retaliação contundente. Canais de Telegram pró-governo exibem tom patriótico, pintando Moskalik como mártir e convocando vigilância interna. Esse discurso uniforme reflete forte controle editorial estatal e molda a opinião pública em favor de medidas duras.

Implicações nas negociações de paz

Horas antes do atentado, o enviado dos EUA para a Ucrânia, Steve Witkoff, apresentou a Putin uma nova proposta de cessar-fogo — incluindo troca de prisioneiros, retirada gradual de tropas de áreas-chave e fiscalização internacional do cumprimento da trégua — que foi recebida com reservas pelo Kremlin, condicionando qualquer avanço à suspensão prévia das operações ucranianas no Donbas e ao reconhecimento, por Kiev, da Crimeia como território russo . Fontes diplomáticas indicam, porém, que ambos concordaram em manter canais de diálogo abertos para evitar escalada maior no conflito.

Análise final

O assassinato de Moskalik reforça o caráter cada vez mais assimétrico e encoberto do conflito Rússia-Ucrânia, onde operações de “alta penetração” atingem o alto escalão militar em solo russo. Esse padrão de ataques serve tanto a objetivos de retaliação ucraniana quanto à estratégia de endurecimento político em Moscou. Para o público russo, gera sensação de vulnerabilidade dentro da própria capital; para a Ucrânia, mantém a pressão sobre o inimigo.

Enquanto diplomatas tentam avançar em propostas de cessar-fogo, a realidade dos ataques secretos demonstra que a guerra segue longe de um ponto de inflexão pacífico. A comunidade internacional, especialmente por meio de organismos como a ONU e Human Rights Watch, deverá ficar atenta ao respeito ao direito de não-combate e à proibição de atos de terrorismo, fundamentais para qualquer retorno à normalidade do diálogo.

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