Banco Mundial e Moçambique: Parceria de Cinco Anos com Foco em Energia, Turismo, Qualificação e Setor Privado

Bandeira de Moçambique e mapa do país com ícones representando energia solar, eletricidade, turismo (casa e palmeira) e finanças (maleta com símbolo de dinheiro).
Parceria de cinco anos entre o Banco Mundial e Moçambique visando o desenvolvimento sustentável nas áreas de energia, turismo, habitação e setor privado.

Em visita oficial a Moçambique, o presidente do Grupo Banco Mundial (BM), Ajay Banga, anunciou hoje em Maputo uma nova parceria estratégica de cinco anos com o país, cujo objetivo central é dinamizar o setor privado, criar oportunidades para os jovens e consolidar Moçambique como hub energético e turístico na região. A seguir, uma análise aprofundada desse acordo, seu contexto, metas, riscos e sinergias com outras iniciativas do BM.

Contexto Macroeconômico e Social

Crescimento recente e projeções
Depois de um ano de forte contração (-4,9 % no 4.º tri de 2024), a economia moçambicana encerrou 2024 com alta de apenas 1,9 % do PIB real. O FMI projeta recuperação para cerca de 3,0 % em 2025, à medida que as condições sociais se normalizem e o setor de serviços retome fôlego. Por outro lado, o governo prevê média de 4,6 % de crescimento anual em 2025–29, sinalizando ambição para expansão mais acelerada.

Desafios fiscais
O BM e o FMI têm enfatizado a necessidade de consolidação fiscal em 2025, diante de “desvios significativos” no gasto público em 2024, especialmente com a folha de pagamento, que continuam a restringir investimentos em infraestrutura e programas sociais.

Pilares da Parceria

Estabilização Macro e Quadro de Parceria

Ajay Banga sublinhou que “a primeira coisa que Moçambique deve fazer é um esforço para estabilizar a sua situação macrofiscal. Porque se não se fizer isso, é muito difícil dar estabilidade a uma população e atrair o setor privado”. Para isso, o BM proporá um novo Quadro de Parceria Nacional com visão e prioridades claras para os próximos cinco anos.

Energia e Integração Regional

Hidroelétricas e solar
Visita à Hidroelétrica de Cahora Bassa – principal geradora de energia da África Austral (2 075 MW) – e aos projetos de expansão (central norte até 2032; nova barragem de Mphanda Nkuwa, 1 500 MW, até 2031, €4,5 bi; e parque solar de 400 MW), reforçam o compromisso do BM em apoiar a transformação energética de Moçambique.

Corredores econômicos
Apoio à melhoria de três corredores que ligam portos ao interior e países vizinhos, facilitando o escoamento de bens e integrando Moçambique no hub logístico regional.

Turismo Sustentável e Multiplicador de Empregos

“O turismo é o maior multiplicador de empregos por cada dólar investido,” afirmou Banga, destacando o potencial de Moçambique em praias, ecoturismo e destinos de conferências. O BM apoiará:

  • Elaboração de um Plano Nacional de Turismo de alto valor agregado;
  • Investimentos em infraestrutura hoteleira, aeroportuária e de transporte;
  • Capacitação local para hospitalidade e serviços turísticos.

Qualificação e Emprego Juvenil

Com mais de 60 % da população abaixo de 25 anos, a parceria inclui:

  • Programas de capacitação técnica voltados às demandas do setor privado e projetos de energia/turismo.
  • Incentivos ao empreendedorismo jovem, inclusive por meio de mentorias, estágios e fundos de semente.
  • Conexão de jovens com oportunidades nos grandes projetos de infraestrutura e energia.

Fortalecimento das PMEs e do Setor Financeiro

Em continuidade ao apoio já existente (como o crédito IDA de US $ 300 mi aprovado em 2023 para micro, pequenas e médias empresas, o BM vai:

  • Criar um Fundo de Garantia de Crédito para desonerar riscos bancários;
  • Ampliar linhas de financiamento e programas de capacitação gerencial para PMEs, com atenção especial a empresas lideradas por mulheres;
  • Simplificar o ambiente regulatório e reduzir a burocracia.

Sinergias com Outras Iniciativas do Banco Mundial

  • Projeto INTEGRA (junho/2025): US $ [valor] para integrar educação, saúde e proteção social em distritos vulneráveis, usando escolas como centros de serviços.
  • Apoio orçamentário complementar: Contribuição de quase US $ 150 mi para o orçamento nacional, reforçando metas de desenvolvimento social e macrofiscal.

Indicadores de Sucesso e Riscos

IndicadorMeta em 5 anos
Taxa de formalização de empresas+30 %
Redução do desemprego juvenil–15 %
Crescimento médio anual do PIB4,6 % (meta governamental)
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)Avanço de pelo menos 0,05 pontos

Riscos: instabilidade política, choques climáticos, atrasos em grandes obras (barragens), e desigualdade no acesso aos benefícios. A transparência e o monitoramento conjunto com sociedade civil serão cruciais.

Conclusão

Esta parceria de cinco anos entre o Banco Mundial e Moçambique integra uma abordagem multifacetada, combinando estabilização macroeconômica, investimento em energia, turismo, qualificação juvenil e fortalecimento do setor privado. Se bem implementada, pode transformar o país num eixo energético e turístico da África Austral, gerando milhões de empregos e impulsionando o desenvolvimento inclusivo.

O sucesso dependerá não apenas dos recursos financeiros, mas da boa governança, da coordenação interinstitucional e da participação ativa de todos os atores nacionais e internacionais.

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