
Em um movimento estratégico para reconfigurar a dinâmica bilateral com os Estados Unidos, o Primeiro‑Ministro Mark Carney apresentou ontem, 13 de maio de 2025, um novo gabinete composto por 29 ministros – uma redução em relação aos 39 sob Justin Trudeau – além de 10 secretários de Estado júnior. Essa reorganização reflete o compromisso de Carney com um governo mais ágil e alinhado às prioridades de sua campanha: enfrentar tarifas americanas, reforçar a coesão interna e estimular o crescimento econômico.
Principais Mudanças e Novos Portfólios
- Francois‑Philippe Champagne continua como Ministro das Finanças, garantindo a continuidade nas negociações fiscais e no monitoramento do déficit previsto em C$ 62,3 bi para 2025‑26 (ante C$ 42,2 bi estimados em dezembro).
- Dominic LeBlanc, responsável pelo comércio com os EUA, mantém a liderança nas conversas para remoção de tarifas e diversificação de importações/ exportações.
- Anita Anand assume Relações Exteriores, substituindo Melanie Joly, que migra para Indústria. Anand traz experiência acadêmica e diplomática, sinalizando uma diplomacia econômica mais robusta.
- David McGuinty assume Defesa, em substituição a Bill Blair, fortalecendo a cooperação militar com aliados e preparando o país para desafios globais.
- Evan Solomon é nomeado como o primeiro Ministro da Inteligência Artificial, destacando o compromisso do governo com inovação e segurança digital.
- Chrystia Freeland, ex‑Ministra das Finanças, permanece como Ministra do Transporte e Comércio Interno, liderando o esforço de eliminação de barreiras provinciais até 1º de julho.
- O Ministério do Trabalho foi abolido e substituído por uma Secretaria de Estado para o Trabalho, medida contestada pelo Teamsters union como confusa e de potencial subestimação dos desafios trabalhistas.
Prioridades Estratégicas
Redução de Impostos
- Corte de alíquotas para pequenas e médias empresas, incentivando a competitividade frente ao mercado americano.
Integração Nacional
- Meta de barreiras zero entre as 10 províncias até 1º de julho de 2025, ampliando o mercado interno.
Diversificação Comercial
- Afastamento gradual da dependência exclusiva dos EUA, buscando novos parceiros na Europa e na Ásia‑Pacífico.
Inovação e Defesa
- Fortalecimento do setor de IA e aumento da cooperação militar com Reino Unido e outros aliados.
Diálogo Internacional em Andamento
Além do encontro com o presidente Donald Trump em 6 de maio, que abriu caminho para renegociações comerciais (incluindo a promessa de um novo acordo EUA‑Canadá) — já falamos sobre esse encontro em “Carney Enfrenta Trump na Casa Branca e Reforça: ‘O Canadá Nunca Estará à Venda’”— Carney conversou em 12 de maio com o primeiro‑ministro britânico Keir Starmer. No telefonema, ambos concordaram em reforçar laços de defesa e comércio e reafirmaram apoio conjunto à Ucrânia, além de tratar dos preparativos para a visita do Rei Charles ao Canadá ainda em maio.
Desafios e Perspectivas
- Negociação de Tarifas: Embora Carney tenha descrito o encontro em Washington como “muito positivo” , ainda não há data para a remoção efetiva das tarifas.
- Equilíbrio Fiscal: O aumento do déficit pode pressionar futuras revisões de gasto público, mesmo com o compromisso de “governo de negócios” e austeridade gradual.
Articulação Regional: O êxito na integração interna depende da cooperação dos governos provinciais, alguns relutantes em padronizações.
Conclusão
O gabinete enxuto de Mark Carney sinaliza uma abordagem pragmática e focada em resultados: estabelecer um novo capítulo na relação com os EUA, acelerar a integração nacional e fomentar setores de ponta como a IA. A inclusão de portfólios de Defesa e Inteligência Artificial reforça a ambição de transformar o Canadá em um ator global mais resiliente e inovador. O verdadeiro teste, porém, será a capacidade desse time de concretizar acordos comerciais, cumprir a meta de barreiras zero e manter a saúde fiscal sem comprometer o crescimento.
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