
Em 22 de julho de 2025, altos diplomatas do Irã, da Rússia e da China reuniram-se em Teerã para discutir o futuro do programa nuclear iraniano e coordenar posições antes da próxima rodada de negociações com as potências europeias (E3 – Reino Unido, França e Alemanha), agendada para 25 de julho em Istambul. O encontro trilateral teve como objetivo principal promover uma solução política e diplomática, evitando a escalada de sanções e tensões militares.
Contexto e Motivações
Desde a assinatura do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) em 2015, o programa nuclear do Irã tem sido alvo de controvérsias. Enquanto Teerã afirma conduzir atividades exclusivamente para fins pacíficos, países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, acusam o país de perseguir capacidades nucleares militares, razão pela qual reativaram sanções rigorosas após a saída americana do acordo em 2018.
A perspectiva de um “snapback” de sanções — mecanismo previsto no JCPOA para reimpor sanções da ONU caso o Irã viole o acordo — gera apreensão em Teerã. Na véspera da reunião de Istambul, o vice-ministro iraniano Kazem Gharibabadi advertiu que a reimposição de sanções complicaria ainda mais o impasse nuclear.
A Posição da China
O governo chinês, representado na reunião pelo vice-ministro das Relações Exteriores Li Hui, e ratificado pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, reiterou o apelo ao diálogo construtivo e ao respeito mútuo. Guo afirmou que “a China sempre advogou a resolução pacífica da questão nuclear iraniana por meios diplomáticos e políticos” e prometeu que Pequim continuará a desempenhar um papel construtivo para retomar negociações que acomodem as preocupações legítimas de todas as partes.
A posição chinesa apoia-se em sua política externa pragmática e multilateralista, que visa garantir um ambiente geopolítico estável, necessário ao crescimento econômico de Pequim e à segurança global. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e grande importador de petróleo iraniano, a China possui interesse direto na estabilidade do Irã e na manutenção de rotas energéticas seguras.
Desafios e Perspectivas
Apesar do otimismo diplomático, vários obstáculos persistem:
- Desconfiança Mútua: O histórico de interrupções no JCPOA e as acusações mútuas de incumprimento minam a confiança necessária para um acordo duradouro.
- Pressões Regionais: Israel e nações do Golfo, que se sentem ameaçados pelo programa nuclear iraniano, pressionam por garantias de segurança que ultrapassam o escopo atual das negociações.
- Mecanismo de “Snapback”: A possibilidade de sanções ser reimpostas até o final de agosto cria um prazo político que pode acelerar ou inviabilizar as negociações.
O sucesso do diálogo dependerá de avanços concretos já na rodada de Istambul e do comprometimento não apenas do Irã, mas também dos Estados Unidos — atualmente de fora das negociações diretas — e dos europeus em oferecer incentivos suficientes para que Teerã aceite restrições significativas em seu programa nuclear.
Conclusão
A reafirmação chinesa do apelo ao diálogo em 22 de julho de 2025 reforça o papel de Pequim como mediadora potencial no impasse nuclear iraniano. Ao defender uma abordagem diplomática e inclusiva, a China contribui para uma alternativa às sanções unilaterais e à lógica de confronto. No entanto, sem a participação plena dos principais atores — especialmente os EUA e os críticos regionais do Irã —, a comunidade internacional ainda enfrenta um longo caminho para alcançar uma solução sustentável.
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