Em março de 2024, a Vice-Presidenta eleita de Taiwan, Hsiao Bi-khim, realizou uma visita não oficial à República Tcheca que se tornou um ponto crítico nas já tensas relações entre Praga e Pequim. Recentemente, um relatório do Serviço de Inteligência Militar tcheco revelou que agentes diplomáticos e do serviço secreto chinês não apenas monitoraram fisicamente sua comitiva, mas chegaram a planejar um ato “cinético demonstrativo” contra sua segurança pessoal. Este artigo revisita os principais episódios, corrige imprecisões, atualiza com as informações mais recentes e analisa os desdobramentos geopolíticos desse incidente.
Contexto da Visita
- Foco da viagem: Embora não haja laços diplomáticos formais entre a República Tcheca e Taiwan, Hsiao foi convidada por entidades pró-Taiwan no Parlamento e pelo think tank Sinopsis, como parte de um movimento de solidariedade europeia diante da crescente assertividade chinesa no Leste Europeu.
- Datas e encontros: Entre 10 e 12 de março de 2024, a comitiva de Hsiao se reuniu com membros do Parlamento tcheco, líderes de ONGs de defesa dos direitos humanos e empresários do setor de tecnologia.
Relatório da Inteligência Militar Tcheca
- Monitoramento contínuo: Investigações internas concluíram que diplomatas da embaixada chinesa em Praga acompanharam Hsiao desde seu desembarque, coletando dados sobre itinerários e contatos locais em violação à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
- Plano de “ação cinética”: O serviço secreto civil chinês teria elaborado uma operação para simular um acidente de carro contra o veículo oficial de Hsiao. O plano, porém, não passou da fase de coleta de materiais e ensaios prévios.
Incidentes Registrados em Praga
- Ultrapassagem perigosa: Em 11 de março de 2024, um veículo com placa diplomática chinesa foi flagrado passando com sinal vermelho e bloqueando o carro de Hsiao, chegando a ameaçar um acidente grave. A polícia tcheca apreendeu temporariamente o automóvel para perícia.
- Convocação do embaixador: Na época, o Ministério das Relações Exteriores da República Tcheca lamentou o episódio e convocou o embaixador chinês, mas não divulgou sanções ou outras medidas públicas imediatas.
Reações Oficiais de Taiwan e China
- Taiwan: O Mainland Affairs Council classificou as ações como “ameaças sérias à segurança da Vice-Presidenta e de sua comitiva”, exigindo explicações formais e um pedido público de desculpas de Pequim.
- China: O porta-voz Guo Jiakun negou irregularidades, acusando a República Tcheca de “interferir nos assuntos internos” da China e advertiu contra “provocações” de forças separatistas pró-independência taiwanesa.
Evolução nas Relações Bilaterais
- Ciberataques de maio de 2025: Em uma outra escalada, Praga atribuiu a Pequim um ataque cibernético ao seu Ministério das Relações Exteriores em maio de 2025, aprofundando a desconfiança mútua.
- Aproximação com Bruxelas e OTAN: Como resposta, a República Tcheca reforçou cooperação em defesa cibernética com aliados da OTAN e apoia iniciativas europeias que buscam reduzir a dependência de tecnologia chinesa.
Novos Desdobramentos e Perspectivas
Até o momento, não houve retratação pública oficial de Pequim nem sanções adicionais contra diplomatas envolvidos. Analistas esperam que Praga continue a intensificar laços com Taiwan em áreas como segurança digital e energia limpa, enquanto Pequim poderá endurecer restrições contra parlamentares tchecos que viajem à ilha.
Conclusão
O caso Hsiao Bi-khim em Praga expõe uma faceta mais agressiva das operações de inteligência chinesas no exterior—além das disputas no Estreito de Taiwan—e reforça o desafio que democracias ocidentais enfrentam ao equilibrar interesses comerciais com demandas de segurança e respeito às normas internacionais. Com as revelações recentes, a República Tcheca e seus aliados europeus parecem determinados a responder com maior firmeza às táticas coercitivas de Pequim.
Faça um comentário