Crise em Gaza: evacuações em massa, ofensiva israelense e o apelo urgente de Trump por cessar-fogo

Enlutados choram durante funeral de palestinos mortos em ataque aéreo israelense noturno contra um acampamento de tendas em Khan Younis, Faixa de Gaza, 29 de junho de 2025.
Enlutados durante o funeral de palestinos mortos em ataque aéreo israelense contra um acampamento de tendas em Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, 29 de junho de 2025. Foto: REUTERS/Hatem Khaled

Neste domingo, 29 de junho de 2025, as Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram amplas ordens de evacuação para a região norte da Faixa de Gaza, enquanto o ex‑presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conclamava publicamente o fim imediato do conflito e a libertação dos reféns ainda em poder do Hamas.

Balanço humanitário e situação no terreno

A ofensiva militar israelense, iniciada em outubro de 2023 após o ataque de 7 de outubro, já resultou em mais de 56.000 mortes de palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, e deixou quase toda a população de 2,3 milhões de habitantes deslocada sob condições precárias. Agências da ONU e organizações humanitárias alertam para níveis alarmantes de insegurança alimentar e risco de colapso dos serviços básicos.

Detalhes da ordem de evacuação

Em comunicado via X (antigo Twitter) e mensagens SMS, o IDF orientou moradores de Jabalia e da maior parte de Gaza City a se deslocarem para a área de Al‑Mawasi, em Khan Younis, anteriormente designada como “zona humanitária” por Israel. A nota advertiu que as operações se intensificariam e se estenderiam até o centro da cidade com o objetivo de “destruir capacidades de organizações terroristas”.

Intensificação dos ataques e vítimas recentes

Na madrugada de 29 de junho, bombardeios em Jabalia destruiram diversas residências e provocaram pelo menos seis mortes, de acordo com equipes médicas locais. Em Khan Younis, uma ofensiva aérea atingiu um acampamento de tendas próximo a Al‑Mawasi, deixando cinco mortos, e outros 12 civis morreram em ataques espalhados pelo enclave, elevando o total do dia a 23 vítimas.

“Não há lugar seguro”

Representantes da ONU e autoridades palestinas reiteram que, apesar das designações de “zonas seguras”, nenhuma área de Gaza oferece garantia de proteção, com relatos constantes de bombardeios próximos a pontos de distribuição de ajuda e abrigos improvisados.

Esforços de mediação e impasse diplomático

Nas últimas semanas, Egito e Qatar, com apoio diplomático dos EUA, retomaram negociações de cessar‑fogo visando uma trégua inicial de 60 dias, incluindo trocas escalonadas de prisioneiros e acesso humanitário ampliado. Israel condiciona qualquer cessar‑fogo definitivo ao desmantelamento das forças do Hamas, enquanto o grupo palestino exige o fim completo da guerra e a retirada israelense do território.

O apelo de Donald Trump

Em postagem na Truth Social, Trump afirmou: “Façam o acordo em Gaza, tragam de volta os reféns” e sugeriu que um cessar‑fogo poderia ser selado em breve, com maior pressão americana sobre Israel para priorizar a libertação dos prisioneiros.

Riscos aos reféns e avaliação militar

Fontes de segurança israelenses alertam que a expansão das operações urbanas em Gaza City aumenta o risco de vida dos cerca de 20 reféns ainda mantidos pelo Hamas, complicando quaisquer operações de resgate.

Análise e cenários futuros

  • Capacidade de sustentação humanitária: Com o deslocamento contínuo para Al‑Mawasi, os recursos básicos — água, comida, abrigo — estão insuficientes para milhares de famílias.
  • Viabilidade do cessar‑fogo: A proposta de 60 dias enfrenta desafios de fiscalização e garantias de segurança, exigindo supervisão internacional robusta.
  • Pressões políticas internas: O governo Netanyahu equilibra críticas por prolongar a campanha e pela falta de caminho claro para a segurança de longo prazo.
  • Influência internacional: A diplomacia egípcia, qatari e americana pode forçar avanços, mas a discordância sobre desarmar o Hamas mantém o impasse.

Conclusão

A ordem de evacuação de 29 de junho evidencia a persistência do ciclo de violência em Gaza: deslocamentos forçados, vítimas civis e grave crise humanitária. Sem mecanismos confiáveis de cessar‑fogo, monitoramento internacional e assistência contínua, a população segue vulnerável, e o risco de novas tragédias permanece elevado.

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