Londres Recebe Encontro Crítico entre EUA e China para Reatar Fluxo de Terras-Raras

Autoridades dos EUA e da China chegam à entrada da Lancaster House para negociações comerciais em Londres, 9 de junho de 2025.
Autoridades norte-americanas e chinesas chegam à Lancaster House, em Londres, para o início das negociações comerciais bilaterais, 9 de junho de 2025. REUTERS/Toby Melville

Em 9 de junho de 2025, líderes econômicos dos Estados Unidos e da China reuniram-se em Lancaster House, Londres, para tentar conter uma escalada na guerra comercial que se expandiu de tarifas recíprocas para controles sobre terras-raras — insumo vital para setores como veículos elétricos, semicondutores e defesa.

Contexto e Origens do Conflito

Desde janeiro, a administração Trump tem imposto tarifas sobre centenas de produtos chineses, retaliadas por Pequim com medidas similares. Em abril, a China suspendeu as exportações de terras-raras, provocando uma queda de 34,5% no valor das vendas ao mercado americano em maio — o maior recuo desde fevereiro de 2020, quando a pandemia de COVID-19 interrompeu o comércio global.

Acordo de Genebra e Diálogo Presidencial

Em maio, delegações de ambos os países firmaram em Genebra um acordo de trégua de 90 dias, comprometendo-se a retomar o fluxo de terras-raras. Contudo, Washington acusou Pequim de atrasar deliberadamente o cumprimento. Na semana anterior a Londres, Trump e Xi Jinping conversaram por telefone — a primeira interação direta desde janeiro — e, segundo o governo americano, Xi teria concordado em liberar os embarques imediatamente, embora detalhes ainda aguardassem confirmação independente.

Composição das Delegações

  • Estados Unidos:
    • Scott Bessent, Secretário do Tesouro
    • Howard Lutnick, Secretário de Comércio
    • Jamieson Greer, Representante de Comércio
  • China:
    • He Lifeng, Vice-Premier
    • Wang Wentao, Ministro do Comércio
    • Li Chenggang, Principal Negociador Comercial

A presença de Lutnick sinaliza abertura americana para negociar restrições de exportação impostas pelo Departamento de Comércio, sobretudo no que tange a tecnologias sensíveis.

Importância Estratégica das Terras-Raras

A China detém quase monopólio na produção de ímãs de terras-raras, essenciais para:

  1. Veículos Elétricos: Motores e baterias de alta eficiência
  2. Setor Aeroespacial e Defesa: Sistemas de orientação e sensores
  3. Eletrônicos de Consumo: Chips avançados e semicondutores

A interrupção abrupta das exportações em abril expôs a dependência global das indústrias ocidentais em centros chineses de processamento, acelerando iniciativas de diversificação na Austrália, Estados Unidos e Índia.

Expectativas e Concessões Potenciais

Segundo Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, o principal objetivo em Londres era “apertos de mão” que confirmassem o compromisso chinês de liberações em volume imediato, enquanto os EUA poderiam flexibilizar algumas restrições de exportação tecnológica, sem, porém, recuar em sanções contra chips de IA de última geração.

Impacto nos Mercados e Reações

Na manhã de 9 de junho, as principais bolsas europeias registraram alta moderada, impulsionadas pelo otimismo de que uma trégua temporária amenizaria riscos inflacionários. Nos EUA, os rendimentos dos títulos do Tesouro recuaram ligeiramente, refletindo a expectativa de desaceleração das pressões tarifárias sobre os custos corporativos e ao consumidor.

Perspectivas e Desafios Futuros

Analistas apontam que mesmo um acordo em Londres dificilmente detém a tendência de “desacoplamento” tecnológico e geopolítico que molda a relação bilateral. A pressão americana para que aliados reduzam laços com a China em setores estratégicos permanece inalterada. Ian Bremmer, da Eurasia Group, avalia que a trégua é apenas “um alívio temporário” e que o contorno mais amplo das cadeias de suprimento seguirá se diversificando fora da China.

Conclusão

O encontro em Londres marca um passo crítico para evitar maiores distúrbios na cadeia global de suprimentos, mas sua eficácia dependerá da rapidez na execução dos compromissos e da disposição política de ambas as partes em avançar além de concessões pontuais. Enquanto isso, governos e empresas aceleram planos de contingência para mitigar futuros choques em setores essenciais.

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