Estados Unidos e Irã retomam negociações nucleares em meio a linhas vermelhas conflitantes

Abbas Araqchi durante reunião com Fuad Hussein em Bagdá, outubro de 2024.
O chanceler iraniano Abbas Araqchi reúne-se com seu homólogo iraquiano Fuad Hussein em Bagdá, em 13 de outubro de 2024. REUTERS/Ahmed Saad

Hoje, 23 de maio de 2025, em Roma, negociadores do Irã e dos Estados Unidos se reuniram para a quinta rodada de conversas indiretas, mediadas por Omã, visando encerrar um impasse de décadas sobre o programa nuclear iraniano. O encontro ocorre apesar de declarações públicas rígidas e de advertências do aiatolá Ali Khamenei, que classificou as exigências americanas como “excessivas e ultrajantes”.

Contexto Histórico

  • 2015: Acordo nuclear (Plano Conjunto de Ação) estabeleceu limites ao enriquecimento de urânio em 3,67%, suspensão de sanções econômicas multilaterais.
  • 2018: O presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo e restabeleceu sanções severas.
  • 2021–2024: Irã ultrapassou níveis de enriquecimento para 20% e posteriormente 60%, reduzindo o “breakout time” (tempo necessário para obter material físsil para uma arma).

Linhas Vermelhas em Confronto

  1. Enriquecimento de Urânio
    • EUA exigem fim completo do enriquecimento.
    • Irã deseja manter capacidade civil e requer garantias legais contra reversão de qualquer futuro acordo.
  2. Estoque de Urânio Enriquecido
    • Washington quer envio total para o exterior.
    • Teerã se recusa a abrir mão de sua soberania e insiste no uso interno.
  3. Programa de Mísseis Balísticos
    • Pressão americana para incluir restrições.
    • Irã considera a questão fora do escopo, sob autoridade do Supremo Líder.

Participantes

  • Abbas Araqchi, vice-chanceler do Irã, lidera a delegação iraniana.
  • Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, chefia a parte americana.
  • Negociações ocorrem por canais oficiais e back-channels, representando diálogo “direto e indireto”.

Perspectiva Europeia

Em 16 de maio de 2025, diplomatas do E3 (Reino Unido, França e Alemanha) reuniram-se em Istambul com representantes iranianos para explorar parâmetros de um possível novo acordo, destacando coordenação com Washington e o uso do mecanismo de snapback da ONU caso não haja entendimento até 18 de outubro.

Últimas Declarações e Novas Ameaças

  • O Irã advertiu que os EUA seriam considerados “participantes” de qualquer ataque israelense a instalações nucleares iranianas, responsabilizando Washington legalmente.
  • Khamenei reforçou que não aceitará demanda de interromper o enriquecimento sem garantias sólidas.

Riscos e Implicações

  • Fracasso pode gerar retaliação militar, com Israel mantendo-se pronto para agir preventivamente.
  • Economia iraniana, severamente atingida pelas sanções, depende de um alívio para evitar colapso social.
  • Equilíbrio regional está em xeque: retomada da corrida nuclear ou intervenção externa são cenários possíveis.

Possíveis Cenários

CenárioDescrição
Acordo ParcialLimites ao enriquecimento + redução gradual das sanções.
Acordo AmpliadoInclusão de mísseis balísticos + garantias multilaterais de cumprimento.
Ruptura das ConversasSanções reforçadas, escalada do programa nuclear iraniano e opção militar.

Conclusão

A rodada de hoje, em Roma, reflete a complexidade de combinar interesses de segurança e soberania. O êxito dependerá de garantias jurídicas e diplomacia criativa para superar linhas vermelhas. O futuro das negociações influenciará não apenas a política regional, mas também o equilíbrio global de não proliferação nuclear.

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