
O presidente Vladimir Putin destacou recentemente a necessidade de fortalecer a posição da Rússia no mercado global de armamentos, enfatizando o aumento das exportações militares e a ampliação do apoio estatal ao setor. Apesar de ainda ocupar o terceiro lugar entre os maiores exportadores, Moscou enfrenta desafios decorrentes de sanções e alta demanda interna, exigindo estratégias inovadoras e parcerias estratégicas.
Contexto e Estatísticas Atualizadas
Entre 2016–2019, a Rússia detinha 21% do mercado global de exportação de armas. No período 2020–2024, essa participação despencou para apenas 7,8%, refletindo uma queda de 64% no volume de transferências em comparação ao quinquênio anterior. Mesmo com esse recuo, a Rússia permaneceu como o terceiro maior exportador, atrás dos Estados Unidos e da França.
Período | Rússia (%) | EUA (%) | França (%) | China (%) |
---|---|---|---|---|
2016–2019 | 21,0 | 33,5 | 7,6 | 6,2 |
2020–2024 | 7,8 | 37,2 | 6,4 | 9,1 |
A maior parte das exportações russas (74%) destinou-se a países da Ásia e Oceania, com Índia (38%), China (17%) e Cazaquistão (11%) absorvendo a maior fatia. No Oriente Médio e Norte da África, a participação russa caiu de 18% para apenas 4,1% entre 2015–2019 e 2020–2024.
Relatos de Compradores e Impacto Regional
Índia: Integração na Doutrina Militar
Como maior cliente russo, a Índia incorporou sistemas como o tanque T‑90 e o míssil superfície-ar S‑400, reforçando sua defesa antiaérea e conferindo maior flexibilidade tática na fronteira com a China.
“O S‑400 ampliou nosso alcance de detecção e interceptação, transformando nossa capacidade de defesa no Norte.”
— General Arjun Mehta, Exército Indiano
Além disso, a Índia investe em programas de co-desenvolvimento com a Rússia para produzir munições guiadas localmente, diminuindo gradualmente a dependência total de importações.
Egito: Estabilidade no Norte da África
O Egito adquiriu helicópteros Mi‑17 e sistemas de artilharia autopropulsada, vitais em operações anti-terror no Sinai. Segundo o Ministério da Defesa egípcio, essas aquisições reforçam a cooperação estratégica bilateral e ampliam a capacidade de resposta a ameaças internas.
Sudeste Asiático: Tecnologia Acessível em Mercados Emergentes
Países como Vietnã e Filipinas têm avaliado drones Lancet para vigilância costeira. Oficiais filipinos destacam:
“Os drones russos oferecem uma solução acessível para monitoramento marítimo, complementando nossos recursos navais.”
O investimento em IA em armamentos, apontado por Putin como “o futuro do mercado global”, reforça a atração por soluções autônomas de baixo custo.
Desafios e Perspectivas Futuras
- Sanções Ocidentais: Limitação no acesso a semicondutores avançados e componentes eletrônicos de precisão.
- Demanda Interna: Prioridade à produção para reforçar operações na Ucrânia, afastando investimentos em produtos de exportação.
- Imagem Internacional: Campanhas de relações públicas para mitigar percepções negativas associadas ao conflito.
Estratégias incluem:
- Linhas de crédito estatais e garantias financeiras a compradores estrangeiros.
- Parcerias de co-produção para contornar restrições tecnológicas.
- Participação em feiras de defesa em mercados emergentes.
Conclusão
Apesar da retração histórica em exportações, a Rússia mantém um portfólio de pedidos estimado em dezenas de bilhões de dólares, principalmente em sistemas de mísseis, tanques e tecnologias de IA. A combinação de apoio estatal, cooperação industrial e foco em tecnologias autônomas poderá determinar o ritmo de recuperação de sua fatia de mercado nos próximos anos.
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