Desafios e Estratégias para a Recuperação das Exportações de Armas da Rússia

Presidente Vladimir Putin preside reunião da Comissão de Cooperação Técnico-Militar com Estados Estrangeiros por videoconferência em Moscou, maio de 2025.
Presidente Vladimir Putin lidera reunião sobre cooperação militar internacional em Moscou, 23 de maio de 2025. Foto: Sputnik/Alexander Kazakov/Pool via REUTERS.

O presidente Vladimir Putin destacou recentemente a necessidade de fortalecer a posição da Rússia no mercado global de armamentos, enfatizando o aumento das exportações militares e a ampliação do apoio estatal ao setor. Apesar de ainda ocupar o terceiro lugar entre os maiores exportadores, Moscou enfrenta desafios decorrentes de sanções e alta demanda interna, exigindo estratégias inovadoras e parcerias estratégicas.

Contexto e Estatísticas Atualizadas

Entre 2016–2019, a Rússia detinha 21% do mercado global de exportação de armas. No período 2020–2024, essa participação despencou para apenas 7,8%, refletindo uma queda de 64% no volume de transferências em comparação ao quinquênio anterior. Mesmo com esse recuo, a Rússia permaneceu como o terceiro maior exportador, atrás dos Estados Unidos e da França.

PeríodoRússia (%)EUA (%)França (%)China (%)
2016–201921,033,57,66,2
2020–20247,837,26,49,1

A maior parte das exportações russas (74%) destinou-se a países da Ásia e Oceania, com Índia (38%), China (17%) e Cazaquistão (11%) absorvendo a maior fatia. No Oriente Médio e Norte da África, a participação russa caiu de 18% para apenas 4,1% entre 2015–2019 e 2020–2024.

Relatos de Compradores e Impacto Regional

Índia: Integração na Doutrina Militar

Como maior cliente russo, a Índia incorporou sistemas como o tanque T‑90 e o míssil superfície-ar S‑400, reforçando sua defesa antiaérea e conferindo maior flexibilidade tática na fronteira com a China.

“O S‑400 ampliou nosso alcance de detecção e interceptação, transformando nossa capacidade de defesa no Norte.”
— General Arjun Mehta, Exército Indiano

Além disso, a Índia investe em programas de co-desenvolvimento com a Rússia para produzir munições guiadas localmente, diminuindo gradualmente a dependência total de importações.

Egito: Estabilidade no Norte da África

O Egito adquiriu helicópteros Mi‑17 e sistemas de artilharia autopropulsada, vitais em operações anti-terror no Sinai. Segundo o Ministério da Defesa egípcio, essas aquisições reforçam a cooperação estratégica bilateral e ampliam a capacidade de resposta a ameaças internas.

Sudeste Asiático: Tecnologia Acessível em Mercados Emergentes

Países como Vietnã e Filipinas têm avaliado drones Lancet para vigilância costeira. Oficiais filipinos destacam:

“Os drones russos oferecem uma solução acessível para monitoramento marítimo, complementando nossos recursos navais.”

O investimento em IA em armamentos, apontado por Putin como “o futuro do mercado global”, reforça a atração por soluções autônomas de baixo custo.

Desafios e Perspectivas Futuras

  • Sanções Ocidentais: Limitação no acesso a semicondutores avançados e componentes eletrônicos de precisão.
  • Demanda Interna: Prioridade à produção para reforçar operações na Ucrânia, afastando investimentos em produtos de exportação.
  • Imagem Internacional: Campanhas de relações públicas para mitigar percepções negativas associadas ao conflito.

Estratégias incluem:

  • Linhas de crédito estatais e garantias financeiras a compradores estrangeiros.
  • Parcerias de co-produção para contornar restrições tecnológicas.
  • Participação em feiras de defesa em mercados emergentes.

Conclusão

Apesar da retração histórica em exportações, a Rússia mantém um portfólio de pedidos estimado em dezenas de bilhões de dólares, principalmente em sistemas de mísseis, tanques e tecnologias de IA. A combinação de apoio estatal, cooperação industrial e foco em tecnologias autônomas poderá determinar o ritmo de recuperação de sua fatia de mercado nos próximos anos.

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