
Na madrugada de 29 de junho de 2025, a Rússia realizou um de seus maiores ataques aéreos desde o início da invasão em 2022, lançando 537 armas — entre drones de ataque e iscas e mísseis de cruzeiro, balísticos e antiaéreos — contra múltiplas regiões da Ucrânia. O bombardeio resultou na morte de um piloto de F‑16 ucraniano, danos significativos a infraestrutura civil e um renovado apelo do presidente Volodymyr Zelensky por apoio ocidental para reforçar as defesas aéreas do país
O Ataque de 29 de Junho
- Total de armas lançadas: 537, sendo 477 drones (de ataque e decoys) e 60 mísseis de diversos tipos.
- Regiões atingidas: do oeste em Lviv até o sul em Mykolaiv, passando por Kyiv, Poltava, Dnipropetrovsk, Cherkasy e Ivano‑Frankivsk.
Danos e Vítimas Civis
Autoridades locais reportaram ao menos 12 civis feridos, incluindo crianças, e extensos danos a residências, escolas e infraestrutura crítica — como ferrovias em Poltava e instalações industriais em Mykolaiv e Dnipropetrovsk. Em Cherkasy, seis pessoas ficaram feridas, três prédios multifamiliares e um colégio tiveram paredes chamuscadas e janelas estilhaçadas, exigindo evacuações pelos serviços de emergência.
Desempenho da Defesa Aérea Ucraniana
Apesar da magnitude do ataque, a Ucrânia interceptou 475 dos projéteis lançados e neutralizou 226 drones apenas com guerra eletrônica ou constatou‑se serem decoys sem carga explosiva. Ainda assim, as poucas armas que romperam a camada defensiva provocaram destruição significativa em áreas civis, evidenciando lacunas na cobertura, especialmente longe da linha de frente.
A Queda do F‑16 e a Morte do Piloto
O tenente‑coronel Maksym Ustimenko, de 32 anos, foi o piloto da aeronave F‑16 que caiu durante as defesas do ataque. Segundo o comando ucraniano, ele derrubou sete alvos aéreos antes de seu jato ser danificado e perder altitude. Demonstrando altíssimo senso de missão, Ustimenko desviou o aparelho de uma área povoada, mas não conseguiu ejetar‑se a tempo, morrendo no local.
Importância Estratégica dos F‑16
Desde seu recebimento em meados de 2024, os caças F‑16 se tornaram um componente crucial na interceptação de mísseis e enxames de drones russos, graças ao radar AESA e sua capacidade multirole. Contudo, com esta perda, já são três F‑16 abatidos em combate, o que pesa tanto no aspecto operacional — treinar cada piloto na OTAN exige meses terrestres — quanto no simbólico de manter a dissuasão aérea.
Apelo de Zelensky por Reforço das Defesas
Em sua declaração após o ataque, Zelensky frisou:
“Apenas esta semana, a Rússia lançou mais de 114 mísseis, 1.270 drones e 1.100 bombas guiadas contra nós. Precisamos urgentemente de sistemas que nos protejam de mísseis, drones e terror”.
Reação e Compromissos Ocidentais
No encontro da OTAN em Haia, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que está “considerando” o envio de novas baterias Patriot, embora reconheça limitações de estoque e demandas de outros aliados. A possibilidade de reforço com sistemas de médio e longo alcance é vista em Kyiv como vital para reduzir as brechas atuais nas defesas aéreas.
Perspectivas e Desafios Futuros
Com o inverno europeu se aproximando — período que historicamente intensifica os ataques aéreos russos —, a Ucrânia depende cada vez mais de entregas rápidas de sistemas ocidentais, suporte de guerra eletrônica e treinamento contínuo de pilotos. A sustentação da resistência ucraniana dependerá não apenas da capacidade técnica destes sistemas, mas também da vontade política internacional de fornecer armamentos críticos em tempo hábil.
Conclusão
O bombardeio de 29 de junho expôs, mais uma vez, a determinação russa em desgastar as defesas ucranianas e causar dano à população civil, ao mesmo tempo em que assinalou a coragem e o sacrifício de aviadores como o tenente‑coronel Ustimenko. A resposta ocidental, traduzida em promessas de mais sistemas Patriot e radares avançados, será decisiva para que a Ucrânia possa proteger seus céus e minimizar perdas humanas nos próximos meses.
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