
A Guangzhou Automobile Group (GAC), uma das maiores montadoras da China e listada na Bolsa de Xangai (código 601238.SS), anunciou neste sábado, 24 de maio de 2025, sua entrada oficial no mercado brasileiro. Com um plano de investimento de R$ 6 bilhões ao longo de cinco anos, a empresa lançou sua linha de veículos híbridos e elétricos e pretende construir uma fábrica no país até o final de 2026. A movimentação ocorre em um momento de forte crescimento da eletrificação automotiva no Brasil e intensificação da concorrência chinesa no setor.
Contexto do mercado brasileiro
O Brasil é o 6º maior mercado automotivo mundial. Em 2024, foram 714 800 veículos leves vendidos e, de janeiro a abril de 2025, as vendas de eletrificados (híbridos + elétricos) somaram 70 450 unidades, alta de 37,4% em relação ao mesmo período de 2024.
Estratégia da GAC no Brasil
- Portfólio inicial: quatro modelos 100% elétricos e um híbrido, todos importados.
- Meta de vendas: 100 000 unidades em cinco anos.
- Rede de distribuição: parceria com concessionárias emblemáticas, suporte a ponto de recarga e marketing local.
- Investimento em P&D: adaptação de softwares de gestão de bateria às condições brasileiras.
Competição e parcerias locais
- Concorrência chinesa consolidada: BYD, Chery e GWM já vendem eletrificados no país.
- Parcerias comerciais: negociações avançadas com distribuidores regionais e redes de postos de recarga (Ex.: EDP, Reden).
- Conteúdo local: discussões para suprimento de peças, reduzindo custos de importação.
Dados do mercado local e projeções
Ano | Eletrificados (unidades) | Participação no mercado total |
---|---|---|
2020 | 19 745 | 1,0% |
2021 | 34 990 | 1,8% |
2022 | 49 245 | 2,8% |
2023 | 93 927 | 5,0% |
Jan–Abr/2025 | 70 450 | — |
Projeções 2025–2030 (CAGR médio de 25%):
2025: 117 400 | 2026: 146 750 | 2027: 183 450 | 2028: 229 300 | 2029: 286 650 | 2030: 358 300
Análise de incentivos e regulações
- São Paulo: até 12 p.p. de desconto no ICMS para elétricos.
- Rio de Janeiro: isenção de IPVA por cinco anos.
- Bahia: redução de 10 p.p. no ICMS para híbridos plug-in.
- Inovar-Auto (revogado): legado de exigências de conteúdo local e benefícios fiscais para P&D.
Comparativo com concorrentes chineses
Modelo | Preço (R$) | Autonomia (km) | Garantia | Etanol flex |
---|---|---|---|---|
GAC | 249 000 | 450 | 5 anos | não |
BYD Dolphin | 149 000 | 420 | 5 anos | sim |
Chery Tiggo e | 199 000 | 380 | 3 anos | não |
GWM Ora 3 | 179 000 | 360 | 5 anos | protótipo |
Impactos econômicos e ambientais
- Empregos: ~2 500 diretos e 7 000 indiretos na futura planta.
- Fornecedores nacionais: Moura e Eletra (baterias); WEG e Wegas (motores); Gerdau e CSN (carroceria).
- Ambiental: redução significativa de CO₂, contribuindo para metas do Acordo de Paris e melhoria da qualidade do ar em grandes centros.
Perspectivas futuras
A GAC vê o Brasil como um mercado estratégico de longo prazo, sustentado por:
- Crescente demanda por mobilidade limpa.
- Melhora gradual da infraestrutura de recarga.
- Estabilidade nos acordos bilaterais Brasil–China.
As condições macro (câmbio, tarifas de importação e logística) serão decisivas para confirmar o cronograma de produção local em 2026.
Riscos e desafios
- Câmbio: oscilações do real podem elevar custos de importação de componentes.
- Logística: entraves em portos e rodovias podem atrasar entregas.
- Política tributária: possíveis revisões em IPI e CIDE para importados.
- Concorrência: resposta ágil de fabricantes já estabelecidos.
Conclusão
A chegada da GAC reforça a tendência de eletrificação no mercado brasileiro, criando oportunidades de emprego, desenvolvimento de fornecedores locais e avanços ambientais. Se mantidas as condições de incentivo e infraestrutura, a inauguração da fábrica em 2026 marcará uma nova fase na indústria nacional de veículos eletrificados.
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