GAC inicia vendas de carros no Brasil e planeja fábrica em 2026

Logo da montadora chinesa GAC exibido no Salão Internacional do Automóvel da América do Norte em Detroit, 2019.
Logo da montadora chinesa GAC durante o Salão Internacional do Automóvel em Detroit, nos Estados Unidos, em 2019. (REUTERS/Brendan McDermid)

A Guangzhou Automobile Group (GAC), uma das maiores montadoras da China e listada na Bolsa de Xangai (código 601238.SS), anunciou neste sábado, 24 de maio de 2025, sua entrada oficial no mercado brasileiro. Com um plano de investimento de R$ 6 bilhões ao longo de cinco anos, a empresa lançou sua linha de veículos híbridos e elétricos e pretende construir uma fábrica no país até o final de 2026. A movimentação ocorre em um momento de forte crescimento da eletrificação automotiva no Brasil e intensificação da concorrência chinesa no setor.

Contexto do mercado brasileiro

O Brasil é o 6º maior mercado automotivo mundial. Em 2024, foram 714 800 veículos leves vendidos e, de janeiro a abril de 2025, as vendas de eletrificados (híbridos + elétricos) somaram 70 450 unidades, alta de 37,4% em relação ao mesmo período de 2024.

Estratégia da GAC no Brasil

  • Portfólio inicial: quatro modelos 100% elétricos e um híbrido, todos importados.
  • Meta de vendas: 100 000 unidades em cinco anos.
  • Rede de distribuição: parceria com concessionárias emblemáticas, suporte a ponto de recarga e marketing local.
  • Investimento em P&D: adaptação de softwares de gestão de bateria às condições brasileiras.

Competição e parcerias locais

  • Concorrência chinesa consolidada: BYD, Chery e GWM já vendem eletrificados no país.
  • Parcerias comerciais: negociações avançadas com distribuidores regionais e redes de postos de recarga (Ex.: EDP, Reden).
  • Conteúdo local: discussões para suprimento de peças, reduzindo custos de importação.

Dados do mercado local e projeções

AnoEletrificados (unidades)Participação no mercado total
202019 7451,0%
202134 9901,8%
202249 2452,8%
202393 9275,0%
Jan–Abr/202570 450

Projeções 2025–2030 (CAGR médio de 25%):
2025: 117 400 | 2026: 146 750 | 2027: 183 450 | 2028: 229 300 | 2029: 286 650 | 2030: 358 300

Análise de incentivos e regulações

  • São Paulo: até 12 p.p. de desconto no ICMS para elétricos.
  • Rio de Janeiro: isenção de IPVA por cinco anos.
  • Bahia: redução de 10 p.p. no ICMS para híbridos plug-in.
  • Inovar-Auto (revogado): legado de exigências de conteúdo local e benefícios fiscais para P&D.

Comparativo com concorrentes chineses

ModeloPreço (R$)Autonomia (km)GarantiaEtanol flex
GAC249 0004505 anosnão
BYD Dolphin149 0004205 anossim
Chery Tiggo e199 0003803 anosnão
GWM Ora 3179 0003605 anosprotótipo

Impactos econômicos e ambientais

  • Empregos: ~2 500 diretos e 7 000 indiretos na futura planta.
  • Fornecedores nacionais: Moura e Eletra (baterias); WEG e Wegas (motores); Gerdau e CSN (carroceria).
  • Ambiental: redução significativa de CO₂, contribuindo para metas do Acordo de Paris e melhoria da qualidade do ar em grandes centros.

Perspectivas futuras

A GAC vê o Brasil como um mercado estratégico de longo prazo, sustentado por:

  • Crescente demanda por mobilidade limpa.
  • Melhora gradual da infraestrutura de recarga.
  • Estabilidade nos acordos bilaterais Brasil–China.
    As condições macro (câmbio, tarifas de importação e logística) serão decisivas para confirmar o cronograma de produção local em 2026.

Riscos e desafios

  • Câmbio: oscilações do real podem elevar custos de importação de componentes.
  • Logística: entraves em portos e rodovias podem atrasar entregas.
  • Política tributária: possíveis revisões em IPI e CIDE para importados.
  • Concorrência: resposta ágil de fabricantes já estabelecidos.

Conclusão

A chegada da GAC reforça a tendência de eletrificação no mercado brasileiro, criando oportunidades de emprego, desenvolvimento de fornecedores locais e avanços ambientais. Se mantidas as condições de incentivo e infraestrutura, a inauguração da fábrica em 2026 marcará uma nova fase na indústria nacional de veículos eletrificados.

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