Confronto Irã–Israel Atinge Pico com Ataques de Mísseis e Ameaças de Retaliação

Equipes de emergência trabalham em local atingido por mísseis iranianos em Tel Aviv, Israel, 16 de junho de 2025.
Equipes de emergência atuam em Tel Aviv após ataque com mísseis lançado pelo Irã, em 16 de junho de 2025. REUTERS/Ronen Zvulun

Na madrugada de 16 de junho de 2025, a República Islâmica do Irã lançou cerca de 100 mísseis de curto e médio alcance contra Israel, atingindo principalmente Tel Aviv e a cidade portuária de Haifa. Ao menos sete projéteis ultrapassaram as camadas de defesa aérea israelense, resultando em 24 mortes de civis israelenses e mais de 100 feridos, segundo o Exército de Defesa de Israel (IDF). Em contrapartida, Israel afirma ter destruído mais de um terço dos lançadores de mísseis iranianos e abatido numerosos vetores antes de seu impacto.

As autoridades israelenses atribuem o ataque a uma estratégia de “saturação” desenvolvida pelos Guardas Revolucionários do Irã, que teria enganado os sistemas de defesa antiaérea de múltiplas camadas, forçando interceptadores a disputarem alvos entre si e permitindo que alguns mísseis acertassem seus objetivos. Residências e hotéis em bairros densamente povoados de Tel Aviv sofreram colapso parcial, enquanto Haifa registrou incêndios em sua usina elétrica e danos à infraestrutura portuária.

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, reagiu ao ataque afirmando que “os residentes de Teerã pagarão o preço, e em breve”, sem, contudo, sugerir intenção de atingir deliberadamente civis iranianos. Essa ameaça faz parte de um escopo maior: Israel vem conduzindo há meses operações secretas contra instalações nucleares e balísticas iranianas, resultando em assassinatos de cientistas e ataques a depósitos de mísseis, que Teerã sempre condenou como violação de sua soberania.

Impacto Econômico e Perspectivas Internacionais

A escalada de violência provocou forte reação nos mercados globais: o preço do petróleo subiu mais de 10%, alcançando seu maior patamar desde janeiro de 2025, diante do temor de desabastecimento na região do Estreito de Ormuz . Em Wall Street, o Dow Jones recuou 1,79% e o S&P 500 caiu 0,69%, enquanto ativos de refúgio como o ouro registraram alta significativa.

No cenário diplomático, os líderes do G7, reunidos em Kananaskis (Canadá), emitiram um comunicado conjunto condenando o ataque iraniano “nos termos mais fortes” e expressando “total solidariedade” a Israel, ao mesmo tempo em que pediram “contenção para evitar uma escalada incontrolável” . A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou ser “imprevisível” o futuro da segurança regional caso o Irã abandone o Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT) — possibilidade que Teerã discutia em seu parlamento nos dias seguintes ao ataque.

Situação Humanitária e Política Interna

Em Israel, operacionais de resgate trabalharam horas após o ataque para retirar feridos e vítimas dos escombros em Tel Aviv e Haifa. A população, alerta desde as 01:00 UTC, descreveu momentos de pavor ao ouvir sirenes e vistas de colunas de fumaça sobre a cidade ― “é aterrorizante pela incerteza do que virá a seguir”, relatou o chef Guydo Tetelbaum.

No Irã, a mídia estatal relatou que o hospital Farabi, na província de Kermanshah, foi atingido por um bombardeio israelense, deixando 224 mortos, 90% deles civis, num dos piores episódios de violência contra não combatentes em décadas. Internamente, Teerã prendeu dezenas de supostos “espiões” vinculados a Israel, apontando para um clima de insegurança política pós-ataque.

Riscos de Escalada e Cenários Futuros

  • Regionalização do conflito: Há grande risco de que milícias pró-iranianas no Líbano e no Iraque intensifiquem ataques fronteiriços, ampliando rapidamente o teatro de guerra.
  • Abandono do NPT: Se aprovado, o projeto de lei iraniano para deixar o Tratado de Não Proliferação Nuclear pode desencadear corrida armamentista regional, pressionando Turquia, Egito e Arábia Saudita a reconsiderarem suas políticas nucleares.
  • Mediação Internacional: Além de apelos de grupos europeus por cessar-fogo imediato, a Rússia e a China podem buscar protagonizar negociações paralelas, desafiando o tradicional papel americano no Oriente Médio.

A persistência deste ciclo de ataques e retaliações demonstra a fragilidade dos mecanismos de contenção de conflitos na região. A incerteza sobre a duração e intensidade das hostilidades, aliada aos impactos diretos sobre civis e economias globais, reforça a necessidade urgente de esforços diplomáticos coordenados para evitar uma guerra de larga escala.

Conclusão

O ataque de mísseis iranianos a Tel Aviv e Haifa em 16 de junho de 2025 representa uma escalada inédita no enfrentamento indireto entre Irã e Israel, rompendo o limiar do conflito cibernético e das operações encobertas para um choque aberto de capacidades militares. As perdas humanas e os danos materiais reforçam o alto custo de uma guerra de atrito que tende a se prolongar caso não haja esforço coordenado de mediação internacional.

Ao mesmo tempo, o debate interno no Irã sobre a saída do NPT e o endurecimento das sanções ocidentais alimentam um círculo vicioso de retaliação, que pode atrair atores não estatais e desestabilizar ainda mais o Levante confrontado por tensões sectárias e rivalidades geopolíticas. Por fim, o episódio expõe a insuficiência dos mecanismos atuais de controle de armamentos na região e sinaliza a urgência de novos entendimentos multilaterais para evitar que um conflito pontual se converta em guerra de larga escala, com repercussões globais.

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