Macron Propõe Compartilhamento de Dissuasão Nuclear na Europa; Kremlin Alerta Instabilidade

Emmanuel Macron durante programa especial da TF1 em Saint-Denis, Paris, em 13 de maio de 2025.
O presidente francês Emmanuel Macron participa de programa especial da TF1 em Saint-Denis, Paris, em 13 de maio de 2025.UDOVIC MARIN/Pool via REUTERS

Ontem, 13 de maio de 2025, durante entrevista à TF1, o presidente francês Emmanuel Macron revelou que a França está disposta a discutir o desdobramento de aviões armados com ogivas nucleares em outros países europeus, em modelo análogo ao nuclear sharing da OTAN. “Os americanos têm ogivas em aviões na Bélgica, Alemanha, Itália, Turquia. Estamos prontos para abrir essa discussão”, afirmou Macron, comprometendo‑se a “definir o quadro de forma muito clara nas próximas semanas”.

Reação do Kremlin

Questionado pela imprensa russa, o porta‑voz Dmitry Peskov respondeu que “a proliferação de armas nucleares no território europeu não acrescenta segurança, previsibilidade nem estabilidade” e ressaltou que “o sistema de estabilidade estratégica encontra‑se em estado deplorável por razões óbvias”. A resposta do Kremlin segue o tom de Moscou, que já interpretou a iniciativa como uma tentativa de afirmação de liderança nuclear de Paris na Europa.

Implicações Estratégicas

  • Escalada de Riscos: Aumenta a complexidade do controle de crises e o potencial de incidentes aéreos acidentais;
  • Dissuasão versus Provocação: Enquanto Paris vê reforço na credibilidade da OTAN, Moscou enxerga provocação direta;
  • Coesão da OTAN: Pode unir aliados em face de dúvidas sobre o compromisso americano, mas também gerar divisões sobre soberania nacional;
  • Resposta Russa: Possível intensificação de modernizações no arsenal russo e manobras militares nas fronteiras orientais.

Perspectivas e Condições de Macron

Fontes do Financial Times indicam que Macron estabeleceu condições rígidas para qualquer compartilhamento:

  1. Não bancar a segurança de outros: Paris não pagará instalações estrangeiras;
  2. Decisão exclusiva do presidente francês: O uso das armas ficará sob comando direto de Macron;
  3. Manutenção da capacidade própria: A França preservará integralmente seu arsenal e meios de dissuasão.

Além disso, Paris já iniciou conversas preliminares com Alemanha, Polônia e outros aliados interessados em reforçar a defesa europeia em face de dúvidas sobre o comprometimento dos EUA.

Conclusão

A iniciativa de Emmanuel Macron reabre o debate sobre a dissuasão nuclear no continente, em meio à percepção de fragilidade dos compromissos de segurança tradicionais. O Kremlin, por sua vez, adverte que tal movimento pode corroer ainda mais a já frágil estabilidade estratégica europeia. A forma como a OTAN, a União Europeia e Moscou reagirão nos próximos meses definirá se essa proposta se materializará em reforço coletivo ou em novo vetor de tensão.

Informação Recente

  • Sanções contra a Rússia: Macron anunciou que, caso Moscou rejeite um cessar‑fogo incondicional na Ucrânia, a UE prepara um novo pacote de sanções nos próximos dias, mirando serviços financeiros e setor de energia.
  • Negociações em curso: França mantém diálogo com Berlim e Varsóvia sobre a extensão de sua “guarda nuclear” — decisão ainda sujeita a unanimidade entre aliados e aval parlamentar interno.

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