Malta e o bloqueio ao navio Conscience

Navio humanitário Conscience danificado à deriva próximo às águas territoriais de Malta após ataque por drones, 3 de maio de 2025.
O navio Conscience, da Freedom Flotilla, permanece ancorado fora das águas territoriais de Malta após ser atingido por drones, segundo a ONG responsável pela missão humanitária a Gaza — 3 de maio de 2025. (Foto: REUTERS/Darrin Zammit Lupi)

Em 2 de maio de 2025, a Freedom Flotilla Coalition afirmou que Malta impediu o navio Conscience, destinado a levar alimentos e remédios a Gaza, após o ataque de dois drones em águas internacionais próximo ao arquipélago maltês. A ONG responsabiliza Israel pelo ataque; Malta nega obstrução e acusa o capitão de recusar assistência oficial.

O ataque por drones

Testemunhas relatam que os drones atingiram o gerador e causaram um incêndio na proa, provocando perda de energia e riscos de infiltração de água no casco. Quatro pessoas a bordo sofreram cortes e queimaduras leves, conforme confirmado pela ONG.

Reação de Malta

O primeiro‑ministro Robert Abela disse que Malta ofereceu socorro imediato: um rebocador controlou as chamas e uma patrulha naval esteve no local. Segundo Abela, o capitão recusou a entrada de inspetores e da polícia marítima. O governo aguarda comprovação do caráter humanitário da carga para autorizar reparos no porto, ressaltando a prioridade à segurança nacional.

Aspectos Técnicos e Operacionais

Planejamento: rotas definidas para evitar zonas sob controle direto de Israel.
Carga: ~50 t de alimentos não perecíveis, medicamentos e kits de primeiros socorros, armazenados em contêineres climatizados e amarrados com sistemas reforçados.
Segurança: radares de curto alcance para detecção de drones, geradores redundantes e extintores automáticos acionados por sensores de calor.
Emergência: protocolos da IMO, incluindo alarme geral, compartimentação estanque, evacuação parcial em botes salva-vidas e comunicação via rádio VHF e satélite.
Reparos: testes NDT, verificação de sistemas elétricos e hidráulicos; equipe de engenheiros navais e eletricistas — duração estimada: 48 h a 1 semana.
Coordenação: navios devem notificar Estados costeiros antes de atracar; recusa do capitão interrompeu ingresso de inspetores malteses.

Implicações jurídicas e humanitárias

Pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, navios em perigo têm direito a assistência e abrigo em porto seguro, independentemente da bandeira. A ONG alega violação desses preceitos, agravando a crise humanitária em Gaza, onde a ONU alerta para colapso de programas de socorro sem novas rotas de ajuda.

Contexto do bloqueio a Gaza

Desde março de 2025, Israel mantém bloqueio total a Gaza, interrompendo alimentos, combustíveis e remédios para 2,3 mi de habitantes como pressão sobre o Hamas, que ainda detém reféns de outubro de 2023. Organizações internacionais alertam para risco de fome em massa e colapso médico.

Reações Internacionais

  • Turquia condenou o ataque e exigiu responsabilização, citando violação da segurança marítima.
  • ONU pediu investigação internacional imediata e acesso irrestrito para reparos humanitários.

Vozes da sociedade civil e especialistas

Caoimhe Butterly, porta‑voz da Freedom Flotilla, chamou o bloqueio de “ataque à solidariedade internacional”. Dr. Emmanuel Klepfisz, ex‑relator da ONU, alertou que impedir auxílio fere princípios básicos de humanidade e põe vidas em risco.

Consequências políticas

Malta, historicamente pró-palestina e que recentemente tratou crianças feridas de Gaza, vê sua diplomacia sob pressão. O episódio pode agravar tensões com Israel e ONU, forçando balanço entre segurança e obrigações humanitárias.

Próximos passos

A Freedom Flotilla exige que Malta autorize reparos e assistência médica, sob risco de apelação a tribunais internacionais. Autoridades maltesas aguardam comprovação da carga. Enquanto isso, o navio segue à deriva e ativistas planejam manifestações em Valeta para pressionar o governo.

Em um momento crítico para Gaza, o caso Conscience expõe o dilema entre soberania estatal e imperativos humanitários no mar, definindo precedentes para futuras missões de socorro em zonas de conflito.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*