
A quinta rodada de negociações nucleares entre Irã e Estados Unidos, mediada por Omã, foi concluída ontem, 23 de maio de 2025, em Roma, revelando avanços modestos, mas suficientes para manter aberto o canal diplomático após o colapso do acordo de 2015. Embora as divergências permaneçam profundas — principalmente sobre níveis de enriquecimento de urânio e o estoque de material sensível —, o Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, descreveu o encontro como “uma das mais profissionais” rodadas, ressaltando que “o fato de estarmos num caminho razoável já é sinal de progresso“.
O mediador omani, Badr Albusaidi, afirmou no X que houve “algum, mas não conclusivo” progresso entre Araqchi e o enviado americano Steve Witkoff, e que as propostas serão agora examinadas em Teerã e Washington antes de se agendar a sexta rodada.
Pontos de Contenção
- Enriquecimento de Urânio
- Os EUA exigem a limitação do enriquecimento doméstico além dos níveis civis, enquanto o Irã defende seu “direito soberano” de manter infraestrutura mínima para fins pacíficos e de reserva energética.
- Estoque de Urânio a 60%
- Washington quer que Teerã exporte ou converta parte do seu estoque próximo ao grau militar (60% de pureza), considerado “matéria-prima para arma”; o Irã rejeita essa exigência como “excessiva”.
- Programa de Mísseis Balísticos
- Embora fora do escopo formal, os EUA vinculam eventual alívio de sanções a restrições ao programa de mísseis, o que foi categorizado como inaceitável pelo Aiatolá Ali Khamenei.
Contexto Geopolítico e Novas Informações
- Alerta do IAEA: Em relatório de 26 de fevereiro de 2025, a agência constatou que o estoque iraniano de urânio próximo ao grau militar aumentou drasticamente desde dezembro, sinalizando aceleração nas atividades de enriquecimento.
- Avaliação de Inteligência dos EUA: Estudos recentes indicam que o Irã dispõe de material suficiente para produzir urânio de nível bélico em cerca de uma semana caso opte por acelerar seu programa militar.
- Cenário de Pressão Militar: Fontes informam que Israel prepara possíveis ataques a instalações nucleares iranianas caso as negociações fracassem, advertindo que Washington seria responsável por qualquer escalada.
Possíveis Desdobramentos
Cenário | Descrição | Impacto Provável |
---|---|---|
Acordo Intermediário | Limites ao enriquecimento, exportação parcial de estoques e suspensão gradual de sanções | Alívio econômico para o Irã; redução de tensões regionais |
Impasse Prolongado | Manutenção de sanções e continuidade do enriquecimento elevado | Risco de tensões indiretas e novas sanções multilaterais |
Ruptura Total | Fim das negociações e possível ação militar ou sanções ainda mais duras | Instabilidade no Oriente Médio; aumento do risco nuclear |
Avaliação de Especialistas
- Wendy Sherman, ex-subsecretária de Estado dos EUA, afirma que um acordo ideal, que desmontasse o programa de enriquecimento, é “improvável”, mas defende a adoção de limites técnicos e mecanismos de verificação periódica.
- Sanam Vakil, analista do Chatham House, sugere ampliar o papel da UE e de outros signatários do Pacto de Não-Proliferação para conferir legitimidade jurídica e equilíbrio político ao processo.
Conclusão
Apesar dos avanços modestos, o prosseguimento das negociações em Roma em 23 de maio de 2025 mantém viva a esperança de conter a proliferação nuclear e aliviar as sanções que afetam severamente a economia iraniana. O sucesso dependerá da capacidade de EE.UU. e Irã de equilibrar segurança, soberania e garantias jurídicas, com participação ativa de atores multilaterais.
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