
Em 29 de maio de 2025, o governo de coalizão de Benjamin Netanyahu aprovou a criação de 22 novos assentamentos judeus na região norte da Cisjordânia ocupada, segundo anúncio do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich. A medida, que legaliza também diversos “outposts” — assentamentos não autorizados até então — ocorre em meio a advertências de sanções direcionadas por parte de potências europeias.
Contexto histórico e legal
Desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental passaram ao controle de Israel, desencadeando um programa de colonização contestado sob o direito internacional. Atualmente, cerca de 700 000 colonos israelenses vivem entre 2,7 milhões de palestinos nesses territórios, cuja anexação formal não recebeu reconhecimento global.
- Legislação israelense considera os assentamentos legais em diversos níveis, enquanto “outposts” são frequentemente regularizados retroativamente.
- Direito internacional, inclusive as Convenções de Genebra, proíbe a transferência de população civil para área ocupada, classificando os assentamentos como ilegais.
Especialistas alertam que essa dinâmica reduz drasticamente as chances de um Estado palestino viável e fragmentado, minando a continuidade territorial necessária a futuras negociações de paz.
Dados quantitativos
A expansão recente insere-se em um crescimento contínuo:, confira a evolução em anos-chave:
Ano | Assentamentos oficiais | Terras estatais atribuídas (acres) | Área total atribuída (km²) |
---|---|---|---|
1967 | 0 | — | — |
2000 | 120 | — | — |
2023 | 144 | — | — |
2025 | 166 | 5 994 | 24,26 |
Neste mês de maio de 2025, foram aprovados 5 994 acres (24,26 km²) para novos assentamentos no norte da Cisjordânia.
Reações internacionais
- Reino Unido, França e Canadá emitiram comunicado conjunto advertindo para sanções direcionadas contra autoridades israelenses responsáveis pela expansão territorial.
- União Europeia avalia medidas adicionais, incluindo congelamento de bens e restrições de vistos.
- Administração Trump emitiu nota oficial de “preocupação profunda”, mas não anunciou sanções imediatas.
Diplomatas em Bruxelas afirmam que a decisão viola resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que exigem a suspensão de toda atividade de colonização em territórios ocupados. O secretário-geral da ONU reforçou que a expansão “mina a confiança” no processo de paz.
Perfis dos principais atores
Bezalel Smotrich
- Ministério das Finanças, Religious Zionist Party.
- Ultraconservador, defende anexação total da Cisjordânia.
- Articulou a transferência de verbas militares para infraestrutura de assentamentos e pressionou pela legalização de outposts.
Israel Katz
- Ministério da Defesa, Likud.
- Promove a expansão como “política estratégica” para consolidar rotas de ligação entre Jerusalém e Tel Aviv.
- Em julho de 2024, endossou a apropriação de 12,7 km² no Vale do Jordão para novos assentamentos.
Impactos geopolíticos e regionais
- Obstáculo à criação de Estado palestino: fragmenta o território e inviabiliza continuidade geográfica.
- Pressão interna em Israel: estimula a base ultranacionalista, mas tensiona setores moderados e o judiciário, que contestam retrocessos legais.
- Risco de escalada de violência: crescem ataques de colonos a palestinos e reforço militar em áreas de conflito.
Reação das lideranças palestinas
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz de Mahmoud Abbas, classificou a medida de “perigosa escalada” e acusou o governo de perpetuar o “ciclo de violência”. No mesmo tom, o Hamas afirmou que a decisão faz parte de uma “guerra contra o povo palestino” e conclamou EUA e UE a ações mais incisivas.
Conclusão
A aprovação de 22 novos assentamentos na Cisjordânia reflete a consolidação das forças ultranacionalistas em Israel e o endurecimento de sua política de colonização. Em contraponto, aliados tradicionais advertiram para sanções, mas ainda não se confirmaram medidas punitivas efetivas. O movimento reforça o isolamento diplomático de Israel e representa mais um desafio decisivo à construção de um futuro Estado palestino contíguo e sustentável.
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