
O homem apontado como favorito para vencer as eleições na Alemanha no próximo mês está prestes a propor, na quarta-feira, planos para restringir a migração, que poderiam ser aprovados com a ajuda de votos da Alternativa para a Alemanha (AfD), quebrando potencialmente um tabu sobre cooperação com a extrema-direita.
Friedrich Merz, líder do bloco conservador CDU/CSU da Alemanha, que lidera as pesquisas antes da votação de 23 de fevereiro, está ansioso para assumir a iniciativa na política migratória, que voltou a ganhar foco depois que um solicitante de asilo afegão foi preso por facadas fatais na semana passada.
O líder da oposição disse que apresentará na quarta-feira duas propostas no parlamento, pedindo medidas de segurança mais rigorosas e o fechamento das fronteiras terrestres da Alemanha para a migração irregular. Críticos afirmam que essa última medida é incompatível com a legislação europeia.
No entanto, com os Social-Democratas (SPD) de Chancellor Olaf Scholz e os Verdes se opondo às propostas, Merz precisará contar com o apoio da AfD, entre outros partidos menores, para aprová-las – e tem explicitamente acolhido o apoio de qualquer partido.
Críticos, incluindo Scholz, argumentam que isso quebra o tabu entre os partidos tradicionais de trabalhar com a AfD, um partido que é monitorado pelos serviços de segurança alemães sob suspeita de ser extremista de direita, em um esforço para mantê-lo fora do poder.
Eles também acusam Merz de quebrar sua palavra. Em novembro, Merz sugeriu aos partidos tradicionais que nenhuma proposta seria apresentada à câmara baixa do Bundestag que necessitasse de apoio da AfD para ser aprovada.
Barreira Violada?
Merz, por sua vez, acusou o SPD e os Verdes de bloquear o que ele chama de uma mudança necessária na política de asilo, após a chegada, nos últimos anos, de milhões de solicitantes de asilo fugindo da guerra e da pobreza no Oriente Médio, Afeganistão e Ucrânia.
Merz ainda descarta uma coalizão com a AfD, que as pesquisas de opinião colocam em segundo lugar, atrás dos conservadores. No entanto, ao enfraquecer a chamada “barreira” em torno do partido, os analistas afirmam que ele corre o risco de legitimar a AfD, ao mesmo tempo em que afasta eleitores conservadores centristas.
O apoio à CDU/CSU caiu três pontos nos dias após Merz prometer uma repressão à migração, chegando a 28%, de acordo com uma pesquisa do instituto Forsa publicada na terça-feira. O SPD de Scholz ganhou dois pontos, alcançando 17%, assim como a AfD, que chegou a 21%.
Embora as propostas de quarta-feira sejam simbolicamente importantes, mas não vinculativas, Merz também disse que apresentará um projeto de lei para restringir a migração para votação no Bundestag na sexta-feira.
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