A Ofensiva Ucraniana no Oblast de Kursk: Revisão e Atualizações

Coronel-general Oleksandr Syrskyi durante entrevista em Kharkiv, janeiro de 2024
Coronel-general Oleksandr Syrskyi, comandante das Forças Terrestres da Ucrânia, concede entrevista à Reuters na região de Kharkiv em janeiro de 2024. Foto: Valentyn Ogirenko/Reuters

Em 22 de junho de 2025, o comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, general-coronel Oleksandr Syrskyi, confirmou que cerca de 10.000 soldados russos encontram-se engajados em operações na região russa de Kursk, onde as tropas ucranianas controlam atualmente cerca de 90 km² no distrito de Hlushkov como parte de ações preventivas para dissuadir um avanço russo em direção a Donetsk. Segundo Syrskyi, essas incursões impediram o deslocamento maciço de forças inimigas para o front oriental, embora também exponham as linhas de abastecimento ucranianas a possíveis contra-ataques dentro do território russo.

Contexto e Evolução Territorial

  • Início da Incursão (6 de agosto de 2024): Unidades mecanizadas ucranianas atravessaram a fronteira e, em poucos dias, capturaram aproximadamente 1.376 km² de solo russo, incluindo 92 localidades na região de Kursk.
  • Contra-ataques Russos: Entre agosto de 2024 e março de 2025, Moscou lançou várias contra-ofensivas, reduzindo gradualmente a área sob controle de Kiev de 1.376 km² para 338 km² até meados de março de 2025.
  • Situação Atual: Em junho de 2025, a Ucrânia mantém apenas 90 km², limitados ao distrito de Hlushkov, refletindo a eficiência dos contra-ataques russos, mas também a capacidade ucraniana de reter posições estratégicas.

Custos Humanos e Materiais

  • Perdas Russas: Desde o início da operação, a Rússia sofreu aproximadamente 39.900 baixas em pessoal, incluindo 16.100 mortos em ação, e teve 909 prisioneiros capturados por Kiev, além de perdas de equipamento como 131 tanques e 386 sistemas de artilharia.
  • Reforços Norte-Coreanos: Relatos da imprensa internacional apontam para o envio de 5.000 trabalhadores e militares norte-coreanos ao Oblast de Kursk, supostamente para reconstrução e combate, após já terem sofrido altas baixas em solo ucraniano.

Defesa Aérea e Guerra de Drones

A Ucrânia afirma interceptar cerca de 82% dos drones Shahed lançados pela Rússia, mas segue dependendo de sistemas superfície-ar ocidentais (NASAMS, IRIS-T) para proteger infraestrutura crítica. Em paralelo, desenvolve interceptadores leves e Contramedidas eletrônicas para mitigar ataques de saturação.

Impacto Econômico

Entre janeiro e maio de 2025, ataques de longo alcance ucranianos provocaram US$ 1,3 bilhão em danos diretos em refinarias e logística russas, além de US$ 9,5 bilhões em perdas indiretas por interrupções na produção e transporte — um golpe significativo à economia de guerra de Moscou.

Desafios e Perspectivas

  • Necessidade de Defesa Aérea: A aquisição de novos sistemas ocidentais permanece vital para sustentar avanços e proteger contra ataques de drones.
  • Sustentabilidade Logística: Manter tropas em solo russo requer suprimentos constantes e linhas de comunicação vulneráveis.
  • Ameaça de Cerco: Contra-ofensivas russas visam cortar a única rota de suprimento ucraniana via Sudzha, podendo forçar uma retirada estratégica.
  • Alavanca Diplomática: Mesmo reduzida, a presença ucraniana em território russo fortalece sua posição em negociações, mas eleva riscos políticos internos.

Conclusão

A operação de Kursk demonstra a capacidade ucraniana de projetar poder além da fronteira, impondo custos elevados à Rússia em pessoal, equipamento e economia. Apesar dos sucessos iniciais, o encolhimento do território controlado e a escalada de reforços russos — incluindo apoio norte-coreano — apontam para uma fase crítica em que a Ucrânia terá de equilibrar ganhos territoriais, custos logísticos e o impacto das pressões diplomáticas para manter sua iniciativa no conflito.

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