
Em 2 de julho de 2025, o Marechal do Ar (Air Chief Marshal) Zaheer Ahmed Baber Sidhu realizou a visita oficial mais significativa de um chefe da Força Aérea do Paquistão a Washington em mais de dez anos. Durante encontros no Pentágono, no Departamento de Estado e no Capitólio, Sidhu avançou nas negociações para modernizar sua frota de F‑16 com a aquisição dos mísseis ar‑ar AIM‑120D.
Contexto e motivações
- Importância dos F‑16 no Paquistão
A PAF (Pakistan Air Force) opera hoje cerca de 76 caças F‑16 de diferentes blocos, essenciais para vigilância do espaço aéreo, dissuasão ações de contraterrorismo. - Diversificação de fornecedores
Após a “Operação Sindoor”, quando sistemas antiaéreos chineses (HQ‑9P, HQ‑16) demonstraram limitações, Islamabad intensificou esforços para reduzir sua dependência de Pequim e reatar laços com Washington.
Principais encontros em Washington
- Pentágono
Sidhu foi recebido por Kelli L. Seybolt, Secretária de Assuntos Internacionais da USAF, e pelo Gen. David W. Allvin, Chefe de Estado‑Maior da USAF, para discutir interoperabilidade, exercícios conjuntos e intercâmbio de tecnologia. - Departamento de Estado
Reuniões com Brown L. Stanley (Bureau de Assuntos Político‑Militares) e Eric Meyer (Bureau de Assuntos do Sul e Centro da Ásia) destacaram o papel construtivo do Paquistão na estabilidade regional e no combate ao terrorismo. - Capitólio
Encontros com congressistas como Mike Turner, Rich McCormick e Bill Huizenga visaram mobilizar apoio político à venda de armamentos, com ênfase no sacrifício paquistanês contra organizações terroristas.
Durante o encontro, a ISPR declarou, em nota oficial: “O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea do Paquistão, Zaheer Ahmed Baber Sidhu, realizou uma visita oficial aos Estados Unidos – a primeira de um comandante em exercício da Força Aérea Paquistanesa em mais de uma década – o que irá fortalecer ainda mais a cooperação bilateral em defesa e interesses comuns”.
Negociações para os mísseis AIM‑120D
- Capacidades técnicas
A variante AIM‑120D possui alcance de até 160 km, guiagem inercial com atualização por datalink e radar ativo de busca terminal, além de velocidade de até Mach 4. - Impacto estratégico
Com esses mísseis, os F‑16 paquistaneses ampliam consideravelmente seu envelope de engajamento beyond‑visual‑range (BVR), equiparando‑se à capacidade de forças aéreas vizinhas.
Desafios no processo de exportação
- Lei de Controle de Exportação de Armamentos (Arms Export Control Act – AECA)
Toda venda via FMS (Foreign Military Sale) exige aprovação do Departamento de Estado e do Congresso, onde já houve resistência por preocupações com possíveis desvios de tecnologia. - Equilíbrio político
Para o legislativo norte‑americano, o Paquistão é parceiro essencial no combate ao terrorismo, mas gera apreensões sobre o uso final dos equipamentos.
Cenários futuros possíveis
- Aprovação e entrega dentro do prazo
Se o Congresso aprovar sem restrições, o acordo poderá ser assinado até o fim de 2025, com as primeiras remessas em meados de 2026, fortalecendo prontidão aérea paquistanesa. - Bloqueio ou atrasos legislativos
Obstáculos políticos podem adiar ou reduzir a encomenda de AIM‑120D, levando Islamabad a recorrer a alternativas chinesas ou russo‑indianas. - Reforço de alianças paralelas
Caso a venda seja travada, o Paquistão pode aprofundar cooperação em defesa com a China, acelerando contratos de J‑35 e sistemas antiaéreos bem como intercâmbio técnico-militar tecnicamente ambíguo.
Repercussões regionais
- Índia
Nova Déli observa com cautela, considerando contramedidas como aquisição adicional de mísseis Meteor e upgrades nos caças Rafale. - China
Pequim monitora a reaproximação de Islamabad a Washington, já que isso pode afetar projetos como o CPEC e futuras vendas de defesa. - Equilíbrio sul‑asiático
A estratégia paquistanesa de “duplo hedge” busca extrair o máximo de benefícios de EUA e China, preservando autonomia estratégica.
Conclusão
A visita de 2 de julho de 2025 do Marechal do Ar Zaheer Ahmed Baber Sidhu a Washington e as negociações em torno dos mísseis AIM‑120D simbolizam um reposicionamento estratégico de Islamabad. Ao diversificar fornecedores e reacender laços com os EUA, o Paquistão reforça sua dissuasão aérea e garante acesso a tecnologias críticas, influenciando de forma duradoura a geopolítica do Sul da Ásia.
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