Manifestações em Massa no Marrocos: Protestos Contra a Guerra em Gaza, o Apoio dos EUA e a Complexa Relação com Israel

Mulheres erguem um banner durante marcha nacional em apoio aos palestinos e contra a normalização de relações de Marrocos com Israel, na capital Rabat, em 6 de abril de 2025. Foto: Abdel Majid Bziouat/AFP Fonte: Al Jazeera
Mulheres erguem um banner durante marcha nacional em apoio aos palestinos e contra a normalização de relações de Marrocos com Israel, na capital Rabat, em 6 de abril de 2025. Foto: Abdel Majid Bziouat/AFP Fonte: Al Jazeera

Nas últimas semanas, o Marrocos tem sido palco de manifestações históricas, com dezenas de milhares de cidadãos tomando as ruas de Rabat e outras cidades para protestar contra a ofensiva de Israel em Gaza e o apoio incondicional dos Estados Unidos à campanha militar. A mobilização reflete não apenas a profunda indignação popular, mas também críticas contundentes à política externa dos EUA e à decisão do governo marroquino de normalizar relações com Israel em 2020.

Contexto do Conflito e Estatísticas Alarmantes

Desde o início da ofensiva, o número de vítimas tem aumentado de forma preocupante. Dados de fontes como a Associated Press e o Reuters apontam que, desde o rompimento do cessar-fogo com intensos ataques aéreos e terrestres, mais de 1.000 palestinos foram mortos, e centenas de milhares foram deslocados. Estatísticas atualizadas indicam que, até o momento, mais de 50.700 palestinos perderam a vida e 115.300 ficaram feridos – números que acendem o alerta sobre a gravidade do conflito.

Fontes Confiáveis e Citações Diretas

Durante os protestos, manifestantes utilizaram diversas mensagens e símbolos para expressar seu descontentamento. Em uma declaração para a Reuters, Mohammed Toussi, que viajou de Casablanca para Rabat, afirmou:

“Trump agravou a situação, enquanto Biden, mesmo tentando suavizar a imagem, mantém a mesma essência de apoio a uma ofensiva que causa destruição e sofrimento” .

Outros participantes ecoaram críticas semelhantes, reforçando a ideia de que o apoio dos EUA a Israel tem sido um fator decisivo na intensificação do conflito, conforme destacado por diversos veículos internacionais de comunicação.

Histórico da Relação entre Marrocos, Palestina e os Acordos de Abraão

O relacionamento entre o Marrocos e a causa palestina sempre foi pautado por uma forte ligação histórica e emocional. No entanto, em 2020, o governo marroquino assinou os Acordos de Abraão, normalizando as relações com Israel em um movimento que visava benefícios diplomáticos e econômicos. Essa decisão, embora estratégica, dividiu a opinião pública no país. Muitos marroquinos veem a normalização como uma traição aos ideais de solidariedade com os palestinos, exacerbando a tensão interna e contribuindo para a eclosão de protestos que reivindicam a restauração dos laços tradicionais com a causa palestina.

Análise Geopolítica Adicional

A mobilização no Marrocos não ocorre isoladamente, mas é parte de um cenário mais amplo na região. A crescente onda de protestos no Norte da África e no Oriente Médio reflete uma insatisfação regional com a política externa dos EUA e com os acordos de normalização promovidos pelos Acordos de Abraão. Países como Tunísia, Yemen e mesmo a própria cidade de Casablanca têm testemunhado manifestações similares, o que evidencia uma percepção comum de que as alianças geopolíticas atuais favorecem interesses estratégicos em detrimento da justiça social e dos direitos humanos.

Especialistas apontam que a continuidade do apoio americano a Israel pode aprofundar o sentimento de alienação entre os países árabes, fomentando um ambiente de instabilidade política e social. Além disso, há uma preocupação de que a normalização das relações com Israel esteja sendo utilizada como moeda de troca em acordos econômicos e políticos, desconsiderando as aspirações históricas dos povos da região em relação à autodeterminação e à justiça para o povo palestino.

Conclusão

As manifestações em massa no Marrocos revelam uma sociedade profundamente dividida e insatisfeita com as políticas internacionais que parecem perpetuar o sofrimento em Gaza. Com dados alarmantes sobre o número de mortos e feridos e declarações contundentes de manifestantes e especialistas, o país se encontra em um ponto crítico de sua história política e social. A normalização com Israel, promovida pelos Acordos de Abraão, permanece como um tema delicado, pois, embora traga benefícios diplomáticos, alimenta uma crise de legitimidade junto à opinião pública, que clama por justiça e respeito aos direitos humanos.

Em um cenário global onde as alianças e interesses se transformam rapidamente, o que fica claro é que a busca por uma solução justa e pacífica para o conflito em Gaza continua a ser um imperativo para a estabilidade regional e a coesão social.

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