
Na manhã de 14 de junho de 2025, o Comando do Teatro Sul do Exército de Libertação Popular (ELP) da China anunciou a realização de patrulhas navais e aéreas conjuntas no Mar do Sul da China. Segundo o porta-voz Tian Junli, essas operações visam “defender resolutamente a soberania nacional e os direitos marítimos da China” e demonstram o alto nível de prontidão das forças chinesas na região, em resposta às recentes manobras militares do Governo filipino com aliados externos.
Patrulhas e Contrapontos Filipinos
No início de junho, as Forças Armadas das Filipinas e os Estados Unidos conduziram seu sétimo exercício conjunto de patrulha marítima na área, envolvendo operações de apoio costeiro e manobras navais nas proximidades de Mindoro Ocidental e Zambales. O governo de Man il a classifica esses exercícios como rotineiros e realizados fora das áreas disputadas, com o objetivo de aumentar a interoperabilidade e dissuadir ações unilaterais, enquanto Pequim os qualifica como provocativos e geradores de riscos à segurança regional.
Incidentes Recentes e Ameaças Diretas
Além das patrulhas, crescem relatos de confrontos diretos entre embarcações chinesas e filipinas. Em 17 de junho, durante uma missão de reabastecimento ao antigo navio BRP Sierra Madre no Atol de Segundo Thomas, forças chinesas teriam abordado violentamente um bote inflável das Filipinas, chegando a confiscar armas, danificar equipamentos de comunicação e ferir marinheiros filipinos, segundo análise do The Diplomat.
Em janeiro de 2025, um navio de grande porte da Guarda Costeira Chinesa alcançou posições ao largo do Recife de Scarborough, aproximando-se a apenas 77 milhas náuticas da costa filipina. Autoridades de Manila qualificaram essa presença como inaceitável, afirmando que “todas as opções estão sobre a mesa”, incluindo a possibilidade de novas ações judiciais internacionais contra Pequim.
Impacto Sobre Comunidades Insulares
Habitantes e tropas filipinas em ilhas disputadas, como West York e Thitu, enfrentam isolamento, limitações de comunicação e dificuldades logísticas. Enquanto o governo de Manila investe em melhorias de infraestrutura civil e militar, a pressão de embarcações chinesas—frequentemente realizando manobras de bloqueio e disparo de canhões de água—dificulta as atividades pesqueiras e turísticas locais.
Modernização e Reforço das Filipinas
Em novembro de 2024, o governo filipino aprovou a compra de 40 embarcações de patrulha rápida no valor de US$ 441 milhões, com a França construindo metade delas e a outra metade produzida localmente, para fortalecer sua capacidade de vigilância e resposta no mar.
Implicações Geopolíticas
- Dissuasão Mútua: As patrulhas chinesas buscam sinalizar força e prontidão, enquanto as manobras Filipinas-EUA reforçam compromissos de defesa mútua, ampliando a percepção de contenção de Pequim.
- Alianças em Evolução: Exercícios como Balikatan e patrulhas aéreas bilaterais demonstram a profundidade dos laços militares entre Manila e Washington, apoiados pelo Acordo de Defesa Mútua de 1951.
- Ordem Baseada em Regras: Apesar da rejeição chinesa à decisão de 2016 do Tribunal Permanente de Arbitragem em Haia, Man ila continua a apelar a normas internacionais, buscando respaldo em fóruns multilaterais e decisões da UNCLOS.
Caminhos para a Desescalada
- Concretação do Código de Conduta: Acordos entre a ASEAN e a China para estabelecer protocolos claros de engajamento poderiam reduzir incidentes.
- Monitoramento Internacional: Observadores neutros em missões de patrulha poderiam registrar e reportar violações em tempo real.
- Diálogo Diplomático Sustentado: Manter canais diretos de comunicação militar e civil, evitando interpretações errôneas de movimentos e intenções.
Conclusão
A intensificação das patrulhas chinesas e a resposta robusta das Filipinas e dos Estados Unidos no Mar do Sul da China refletem a complexidade estratégica da região. Ao mesmo tempo em que Pequim projeta poder para afirmar suas reivindicações, Manila fortalece suas defesas e busca apoio legal e diplomático. O desafio reside em equilibrar demonstrações de força com mecanismos formais de diálogo, para impedir que a disputa se transforme em um conflito de amplo alcance no Indo-Pacífico.
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