
O presidente Donald Trump comunicou no sábado (17/05/2025) que, às 10h (ET) de segunda‑feira (19/05), falará primeiro com Vladimir Putin e em seguida com Volodymyr Zelensky, em reação às primeiras negociações diretas entre Rússia e Ucrânia desde março de 2022, realizadas em Istambul na sexta‑feira anterior.
Contexto das negociações em Istambul
- Primeiro encontro presencial em 3 anos: delegações de Moscou e Kiev se reuniram para tratar de um possível cessar‑fogo, mas seguiram distantes em termos de concessões.
- Exigências russas: negociadores de Putin condicionaram a trégua à retirada completa das tropas ucranianas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia — além do proposto plano norte‑americano.
- Único avanço: acordo para troca de 1.000 prisioneiros de guerra de cada lado, sem cronograma definido.
Objetivos e pauta das ligações de Trump
- Interromper o “banho de sangue”: guerra que já provoca mais de 5.000 baixas militares por semana.
- Pressão diplomática: almeja forçar concessões mútuas, utilizando o peso dos EUA fora dos canais tradicionais da OTAN e UE.
- Relações comerciais: abrir espaço para discussões sobre futuro comércio com Rússia e fortalecimento de alianças em torno de Kiev.
Novos dados humanitários (abril/maio 2025)
- 4,25 milhões de pessoas de origem ucraniana sob proteção temporária na UE até 31 de março de 2025.
- A ONU estima mais de 8 milhões de refugiados fora da Ucrânia, e cerca de 6 milhões deslocados internamente, elevando o custo social e humanitário do conflito a patamares sem precedentes.
Reações e pressões internacionais
- Ucrânia: Zelensky pediu sanções mais duras após ataque de drone em Sumy que matou civis, acusando Moscou de “deliberada matança de inocentes”.
- Europa: Reino Unido, França e UE criticaram a falta de resultados em Istambul e anunciaram pacotes adicionais de sanções econômicas
- Kremlin: afirmou estar preparando o terreno para o telefonema, mas condicionou qualquer encontro futuro a “acordos substanciais” ainda não divulgados.
- Turquia: Erdogan reafirmou o papel de Istambul como mediador, colocando novamente Ancara no centro da diplomacia euro‑asiática.
Perspectivas e cenários
- Otimista: telefonemas geram comprometimento mínimo e abrem caminho para cessar‑fogo temporário com supervisão da ONU.
- Realista: avanço limitado, com manutenção das linhas de frente mesmo após trocas eventuais de prisioneiros.
- Pessimista: retórica diplomática fracassa, intensificação de bombardeios, levando a maior fragmentação territorial e crise humanitária prolongada.
Conclusão
As negociações em Istambul e as futuras conversas de Trump com Putin e Zelenskiy revelam tanto o potencial quanto os limites da diplomacia em meio a um conflito prolongado. A insistência da Rússia na retirada total das forças ucranianas de regiões ocupadas impõe um obstáculo considerável à viabilidade de um cessar-fogo, enquanto a Ucrânia, apoiada por seus aliados ocidentais, exige um compromisso mais realista e imediato. A postura de Trump como mediador — à margem da diplomacia tradicional e das instituições multilaterais — levanta questionamentos sobre a consistência dos esforços internacionais. Enquanto uma nova troca de prisioneiros pode sinalizar um tímido avanço, a ausência de consenso sobre os termos do cessar-fogo mantém o conflito em um impasse perigoso. Com a pressão crescente da União Europeia, da Otan e da opinião pública internacional, os próximos dias serão cruciais para determinar se essas conversas evoluirão para um acordo concreto ou se permanecerão como mais um capítulo inconclusivo na longa guerra entre Rússia e Ucrânia.
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