Trump Recebe Chefe do Exército Paquistanês na Casa Branca em Meio a Controvérsia sobre Cessar‑Fogo Índia‑Paquistão

Presidente dos EUA Donald Trump e primeiro-ministro indiano Narendra Modi vistos refletidos em um espelho durante coletiva na Casa Branca.
Donald Trump e Narendra Modi participam de coletiva conjunta na Casa Branca, Washington D.C., em 13 de fevereiro de 2025. Foto: REUTERS/Nathan Howard

Em 18 de junho de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, promoveu um almoço‑privado na Casa Branca com o chefe do Exército do Paquistão, General Asim Munir — a primeira visita de um comandante militar paquistanês ao Salão Oval sem a presença de autoridades civis de seu país. O encontro reacendeu o debate sobre o papel dos Estados Unidos na conciliação do recente conflito entre Índia e Paquistão, desatado de 7 a 10 de maio e encerrado num cessar‑fogo cuja mediação permanece contestada pelas partes.

Contexto do Conflito de Maio de 2025

O confronto mais intenso entre os vizinhos nucleares eclodiu após um ataque em 22 de abril em Caxemira, que matou 26 pessoas, atribuído por Nova Délhi a grupos apoiados por Islamabad. Em resposta, a Índia realizou bombardeios em território paquistanês em 7 de maio, levando a retaliações que envolveram jatos, mísseis e drones até o cessar‑fogo em 10 de maio.

O Almoço na Casa Branca e os Temas Abordados

Durante aproximadamente duas horas, Trump e Munir discutiram:

  • Segurança Regional: O presidente elogiou o papel de Munir e do primeiro‑ministro Narendra Modi em deter as hostilidades antes de qualquer escalada nuclear.
  • Oriente Médio: Tratou‑se também da tensão entre Irã e Israel, com Trump reconhecendo o conhecimento paquistanês sobre a região.
  • Economia e Criptomoedas: Foi mencionada a possibilidade de fortalecer o comércio bilateral e explorar ativos digitais para o desenvolvimento econômico.

Munir esteve acompanhado pelo chefe do ISI, Ten‑Gen Asim Malik, reforçando o caráter eminentemente militar da delegação paquistanesa.

Controvérsia sobre a Mediação Estadunidense

Trump afirmou repetidamente que o cessar‑fogo foi fruto de “longas negociações mediadas pelos EUA”, sugerindo que transformou o foco dos países para o comércio. Por outro lado, o primeiro‑ministro Modi esclareceu, em ligação com Trump no dia anterior, que o acordo foi diretamente negociado pelos canais militares de ambos os países, sem intervenção de terceiros.

Reações Internacionais

  • Rússia: O Kremlin endossou a versão de mediação norte‑americana após conversa entre Putin e Trump, gerando críticas na Índia por possível politização do cessar‑fogo.
  • Índia (Oposição): O Congresso Nacional Indiano exigiu que Modi refutasse publicamente a alegação de Trump, alegando que tal narrativa enfraquece a soberania indiana.

Implicações Geopolíticas

O gesto de Trump representa um reposicionamento incomum na relação EUA‑Paquistão, enquanto a Índia vinha sendo priorizada nas estratégias de contenção à China. Ao mesmo tempo, a insistência em um papel de mediador, embora contestada, sinaliza a ambição norte‑americana de reaproximação com Islamabad sem sacrificar a aliança estratégica com Nova Délhi.

Conclusão

A visita do general Asim Munir à Casa Branca simboliza uma reaproximação estratégica entre EUA e Paquistão, mas também expõe tensões diplomáticas com a Índia. Ao insistir em seu papel como mediador do cessar-fogo, Trump busca se projetar como pacificador global, ainda que arrisque desgastar os laços com Nova Délhi. O desafio para Washington será equilibrar esses dois relacionamentos sensíveis sem comprometer sua influência no sul da Ásia — região cada vez mais central na disputa geopolítica com a China.

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