Impasse em Istambul: Ucrânia Exige Pressão Aliada Após Fracasso nas Negociações

Ministros das Relações Exteriores da Ucrânia, EUA e Turquia caminham juntos antes de reunião trilateral em Istambul, 16 de maio de 2025.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, o chanceler turco, Hakan Fidan, e o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, caminham juntos antes das conversas trilaterais entre Turquia, EUA e Ucrânia, em Istambul, em 16 de maio de 2025. Arda Kucukkaya/Ministério das Relações Exteriores da Turquia via REUTERS

Ontem, sexta-feira, pela primeira vez desde março de 2022, as delegações da Ucrânia e da Rússia reuniram‑se em Istambul para tentar um cessar‑fogo. As conversas, que duraram menos de duas horas, não avançaram em direção a uma trégua, e Kiev imediatamente passou a mobilizar seus aliados ocidentais para aumentar a pressão sobre Moscou.

Condições Russas e Rejeição Ucraniana

Delegados russos apresentaram exigências consideradas inaceitáveis por Kyiv:

  • Retirada de tropas ucranianas de áreas já liberadas.
  • Abandono de aspirações à OTAN e neutralidade política.

Segundo fonte ucraniana, Moscou cobrou também que Kiev renuncie a territórios reconquistados nesta fase do conflito — termos tidos como “não construtivos” e “além de tudo o que havia sido discutido” em negociações anteriores.

Vladimir Medinsky, negociador‑chefe russo, declarou que a Rússia mantém disposição para seguir dialogando, mas não abrirá mão de seus objetivos estratégicos.

Diplomacia Ativa de Kiev

Minutos após o fim das conversas, o presidente Volodymyr Zelensky acionou por telefone o então presidente dos EUA, Donald Trump, além dos líderes da França, Alemanha e Polônia, defendendo:

  1. Cessar‑fogo imediato de 30 dias, proposto pelos EUA.
  2. Sanções coordenadas e duras caso Moscou rejeite a trégua.

Heorhii Tykhyi, porta‑voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, resumiu:

“Se você quer negociações sérias, é preciso que as armas silenciem antes.”

Acordo Parcial: Intercâmbio de Prisioneiros

Apesar do impasse, as partes concordaram em trocar 1.000 prisioneiros de guerra cada — o maior intercâmbio até agora. Embora humanitário, esse acordo é visto como simbólico, sem alterar o equilíbrio militar no terreno.

Alinhamento Ocidental e Sanções

  • Reino Unido: o primeiro‑ministro Keir Starmer qualificou as exigências russas como “claramente inaceitáveis”.
  • União Europeia: a presidente Ursula von der Leyen anunciou um novo pacote de sanções visando setores de energia e finanças russos.
  • EUA: congressistas republicanos e democratas trabalham em legislação para restringir exportações de tecnologia e ampliar congelamento de ativos do Kremlin.

Economistas estimam que medidas adicionais podem reduzir em até 15% as receitas de petróleo da Rússia ainda neste semestre, pressionando a capacidade de financiamento da guerra.

Cenários e Desafios Futuros

  1. Escalada Militar: se Moscou continuar a rejeitar sanções e trégua, há risco de intensificação de ataques no Donbass e no sul da Ucrânia.
  2. Pressão Econômica: bloqueios às exportações de gás e medidas contra o sistema bancário russo podem forçar Moscou a reconsiderar sua postura, mas também elevarão custos de energia na Europa.
  3. Mediação Multilateral: a proposta turca pode abrir nova via diplomática, embora ainda dependente da vontade política de Putin e dos aliados ocidentais.

Conclusão

O encontro de Istambul reafirmou o fosso estratégico entre Kyiv e Moscou. Enquanto a Ucrânia busca uma trégua imediata como base para negociações sérias, a Rússia insiste em prolongar diálogos sem compromissos concretos. O sucesso de qualquer iniciativa dependerá agora da coesão ocidental e da eficácia das sanções, bem como de uma possível mediação multilateral que reestruture o processo de paz.

Atualização Recente

Nas últimas 24 horas, fontes diplomáticas informam que o Ministro das Relações Exteriores da Turquia, país anfitrião das conversas, convocou uma reunião ampliada com representantes de Alemanha, França e Reino Unido para discutir um formato multilateral que inclua Ucrânia, Rússia, Turquia e os Estados Unidos em futuras rodadas — possivelmente no final de maio. Esse movimento sinaliza busca por um mecanismo mais estruturado, além do formato bilateral que emperrou em Istambul.


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