
Após a cúpula de líderes europeus em Kiev no último fim de semana, a Comissão Europeia intensificou os preparativos para um novo e mais rigoroso pacote de sanções — além do seu 17.º — voltado especialmente aos setores energético e financeiro da Rússia. A iniciativa foi anunciada pelo ministro francês Jean-Noël Barrot em 12 de maio de 2025, na Normandia, após alinhamento com representantes dos demais Estados-membros e com o Secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Contexto político e cronologia
Encontro em Kiev (10–11 de maio de 2025)
- França, Alemanha, Reino Unido e Polônia visitaram a Ucrânia para debater o avanço das negociações de paz.(falamos sobre isso em:Líderes europeus em Kiev pressionam Rússia por cessar‑fogo incondicional de 30 dias)
- Em videoconferência subsequente, participaram também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário americano Marco Rubio.
Pedido por sanções “maciças”
- Os líderes pediram à Comissão que preparasse “novas sanções mais importantes” para forçar o presidente Vladimir Putin a aceitar um cessar-fogo imediato.
- Embora o 17.º pacote de sanções já esteja em fase de finalização — com previsão de adoção até 20 de maio —, a UE já trabalha num conjunto adicional de medidas.
Coordenação transatlântica
- Nos EUA, tramita um projeto de lei no Senado que prevê tarifas de 500% para países que continuem importando petróleo russo, reforçando a pressão econômica contra Moscou.
- Em Bruxelas, em paralelo ao 17.º pacote, em 7 de maio, discutiu-se também a inclusão de 15 novas entidades e indivíduos ligados a “ameaças híbridas” e ao uso de armas químicas na Ucrânia, conforme relatório da Organização para a Proibição de Armas Químicas.
Principais medidas previstas
Embargo ampliado ao petróleo e derivados
Restrições a países terceiros que importem petróleo russo, em sintonia com a proposta de tarifas de 500% no Congresso dos EUA.
- Congelamento de ativos financeiros
- Bloqueio de contas de grandes bancos russos e proibição de operações em divisas fortes.
- Barreiras a bens de tecnologia e luxo
- Proibição de exportação de produtos dual-use e bens de alto valor, fundamentais para o esforço de guerra.
- Ameaça ao Nord Stream 2
- Em caso de não-cumprimento do cessar-fogo, líderes europeus cogitam um bloqueio definitivo do gasoduto Nord Stream 2, conforme reportou o Wall Street Journal.
Condição essencial: o cessar-fogo
Barrot enfatizou que “não é possível negociar em meio a bombardeios e drones” e afirmou:
“Preparamos sanções poderosas e massivas se ele [Putin] não aceitar o cessar-fogo.”
— Jean-Noël Barrot, 12 de maio de 2025
A insistência recaiu sobre a necessidade de um armistício incondicional para viabilizar discussões sérias, condição também colocada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Perspectivas para a cúpula de Istambul
- Data e formato: Zelensky convidou Putin a se encontrar em Istambul na quinta-feira, 15 de maio de 2025, com mediação turca.
- Participação americana: O presidente Donald Trump ofereceu-se para juntar-se às negociações.
- Equilíbrio de pressões: A expectativa é que um eventual fracasso reforce a coordenação entre UE e EUA, multiplicando as sanções simultâneas.
Implicações de longo prazo
Aspecto | Impacto previsto |
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Dependência energética | Aceleração da transição para renováveis e uso conjunto de estoques estratégicos; fim gradativo de importações russas até 2027 WSJ. |
Coesão da UE | Teste de unidade frente a resistências internas (Hungria) e à pressão de países mais dependentes do gás russo. |
Economia russa | Queda de até 40% em receitas de exportação de petróleo; desvalorização do rublo e aumento da inflação interna. |
Isolamento financeiro | Possível desconexão de grandes bancos russos do sistema SWIFT; exclusão de empresas-chave. |
Conclusão
No momento em que os rastros de destruição na Ucrânia se intensificam, a União Europeia, com pleno respaldo americano, prepara sanções sem precedentes para coagir Moscou. A imposição de medidas “maciças” contra o setor energético e financeiro — aliados a restrições comerciais e bloqueios de infraestrutura estratégica, como Nord Stream 2 — sublinha a determinação ocidental de vincular qualquer negociação de paz a um cessar-fogo verificável. Caso Putin persista na ofensiva, as consequências econômicas e políticas prometem moldar o cenário geopolítico europeu pelos próximos anos.
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