UE oferece acordo de tarifa zero aos EUA, mas se prepara para guerra comercial

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante coletiva de imprensa em Bruxelas, em 7 de abril de 2025. [Foto: Nicolas Tucat/AFP] Fonte: Al Jazeera
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante coletiva de imprensa em Bruxelas, em 7 de abril de 2025. [Foto: Nicolas Tucat/AFP] Fonte: Al Jazeera

Este artigo é uma continuação da nossa cobertura sobre as tensões comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos. No artigo anterior, intitulado “Comissão Europeia Propõe Tarifas de Retaliação de 25% sobre Importações dos EUA: Uma Análise Abrangente”, detalhamos as propostas iniciais da UE para impor tarifas retaliatórias. Agora, trazemos as atualizações mais recentes direto de Bruxelas.

Em um movimento que demonstra abertura para o diálogo e firmeza na defesa dos seus interesses econômicos, a União Europeia sinalizou sua disposição em negociar um acordo de tarifa zero com os Estados Unidos. Contudo, enquanto os negociadores europeus buscam evitar um conflito comercial total, o bloco também se prepara para impor medidas retaliatórias caso as conversações não evoluam conforme o esperado.

Entenda o que motivou a postura da UE

A iniciativa surge num contexto de tensão crescente nas relações comerciais transatlânticas. Após a imposição de tarifas por Washington sobre aço, alumínio e outros produtos – medidas protecionistas que visavam proteger a indústria americana – a UE vem articulando sua resposta de forma dupla. Por um lado, os ministros do comércio reuniram-se em Luxemburgo para discutir a abertura de negociações com o objetivo de alcançar um acordo tarifário “zero-for-zero” em bens industriais. Por outro, a União Europeia se prepara para adotar medidas de retaliação caso as negociações não avancem para um consenso satisfatório.

Durante a reunião, o Comissário Europeu do Comércio, Maros Sefcovic, afirmou que, embora a preferência seja pelo diálogo, o bloco está pronto para impor medidas contra os produtos norte-americanos. “Em relação ao aço, alumínio e seus derivados, estamos falando de 26 bilhões de euros. Estamos finalizando a lista, mas posso adiantar que não atingirá esse patamar, pois temos ouvido atentamente os feedbacks dos Estados-membros”, declarou Sefcovic.

Além das declarações oficiais, um analista econômico consultado pela Reuters ressaltou que “um prolongado conflito tarifário pode prejudicar significativamente a recuperação econômica global, especialmente considerando as cadeias de suprimentos integradas entre as economias europeia e americana.”

Produtos dos EUA e medidas retaliatórias previstas

Mesmo com a proposta de negociação de um acordo de tarifa zero, a UE confirmou que iniciará a aplicação de tarifas retaliatórias em resposta às medidas de Washington. Seguem os principais pontos de atuação:

  • Primeira onda (a partir de 15 de abril):
    • Tarifas sobre determinados produtos norte-americanos.
  • Segunda onda (prevista para 15 de maio):
    • Nova rodada de tarifas, caso as medidas de retaliação precisem ser intensificadas.

Produtos Afetados pelas Tarifas (exemplo ilustrativo):

  • Aço e alumínio
  • Veículos e peças automotivas
  • Bebidas alcoólicas (como bourbon)
  • Produtos agrícolas (ex.: soja e derivados)
  • Itens industriais

Essa listagem complementa o que foi discutido no artigo anterior, que abordou a proposta de tarifas de 25% sobre importações dos EUA.

Medidas diplomáticas e a busca pelo equilíbrio

Apesar das medidas retaliatórias, a liderança europeia – com a Presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen – enfatizou a importância de manter as negociações. Von der Leyen destacou que a UE está preparada para sentar à mesa com os EUA e buscar um compromisso que beneficie ambas as partes, evitando um prolongado embate tarifário que prejudicaria o comércio bilateral.

Essa estratégia de equilíbrio entre negociação e preparação para retaliação é fundamental para a UE, que busca preservar sua posição como um dos principais parceiros comerciais dos EUA. Segundo dados da Eurostat, as exportações da UE para os Estados Unidos atingiram cerca de €500 bilhões em 2024, evidenciando a importância de uma abordagem cautelosa e bem calibrada.

O que você precisa saber

Produtos Afetados: Exemplos incluem aço, alumínio, veículos, bebidas alcoólicas e produtos agrícolas.

Negociação e Retaliação: A UE oferece um acordo de tarifa zero, mas se prepara para impor tarifas retaliatórias se as negociações não avançarem.

Cronograma: As primeiras medidas tarifárias devem entrar em vigor em 15 de abril, com uma nova rodada prevista para 15 de maio.

Importância do Comércio Bilateral: Dados da Eurostat apontam exportações de cerca de €500 bilhões dos EUA para a UE em 2024, destacando a interdependência econômica.

Declarações Oficiais e Análise: Autoridades europeias e analistas, citados pela Reuters, alertam para os riscos de um conflito prolongado.

Conclusão

A postura ambígua da União Europeia – oferecer um acordo de tarifa zero enquanto se prepara para uma eventual guerra comercial – reflete a busca por um equilíbrio delicado entre diplomacia e proteção econômica. Resta saber se essa estratégia será suficiente para conter o protecionismo americano ou se estaremos diante de um novo capítulo de tensão nas relações comerciais transatlânticas.

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