
11 de maio de 2025, durante sua primeira visita oficial à região, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, enfatizou em Jerusalém que o conflito em Gaza não pode encontrar resolução duradoura por meios militares e que um acordo político é indispensável.
Desmilitarização do Hamas e Garantias de Segurança
Wadephul afirmou que, embora reconheça a necessidade de desarmar o Hamas para garantir que o grupo não exerça mais controle militar sobre Gaza, isto deve ser parte de um processo político amplo, não um fim em si mesmo. Ele garantiu que a Alemanha fará “o que for necessário” para assegurar a segurança de Israel, mas advertiu que críticas legítimas a ações israelenses não podem se transformar em antissemitismo.
Impacto Humanitário e Bloqueio
Desde 7 de outubro de 2023, quando o Hamas matou 1.200 israelenses e sequestrou 251 reféns, a resposta de Israel resultou em mais de 52.000 mortes de palestinos, em sua maioria civis, segundo as autoridades sanitárias de Gaza. O bloqueio ao fluxo de ajuda elevou o risco de fome e colapso dos sistemas de saúde e saneamento. A ONU alerta para uma crise humanitária sem precedentes, com milhares de civis em situação crítica.
Chamado às Negociações de Cessar-Fogo
“Não estou certo de que todos os objetivos estratégicos de Israel possam ser alcançados exclusivamente por campanha militar, nem de que isso sirva à sua segurança a longo prazo”, destacou Wadephul, apelando para o retorno a negociações sérias de cessar-fogo. O ministro ressaltou que acordos temporários sem ambição política tendem a fracassar, pois não atacam as causas estruturais do conflito.
Perpectiva Europeia e Compromissos de Berlim
A viagem ocorre a pedido do recém-empossado chanceler Friedrich Merz, que instou Israel a respeitar o direito internacional e garantir o acesso de ajuda humanitária a Gaza, ao mesmo tempo em que reafirmou o direito de defesa de Israel. A Alemanha mantém, assim, uma postura de apoio condicional, equilibrando segurança e princípios humanitários.
Reconstrução Sem o Hamas e Direitos Palestinos
Wadephul deixou claro que qualquer reconstrução em Gaza deve excluir o Hamas de seu processo político e garantir que o território seja tratado como parte integrante da futuro Estado palestino. Defendeu também que não pode haver expulsão dos dois milhões de habitantes nem ocupação permanente, mas sim um plano multilaterais de reconstrução física e institucional.
Encontros e Agenda Diplomática
- Visita ao Yad Vashem e encontro com famílias de reféns israelenses em Gaza, reforçando o caráter humanitário da missão.
- Reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, para discutir garantias de segurança e a necessidade de diálogo político em paralelo às operações militares.
- Encontro agendado com o premiê da Autoridade Palestina, Mohammed Mustafa, em Ramallah, visando articular um processo inclusivo de paz.
Conclusão
A análise de Johann Wadephul sinaliza que a paz duradoura em Gaza só será viável por meio de um equilíbrio entre medidas de segurança — como a desmilitarização do Hamas — e um processo político amplo que inclua a reconstrução, o respeito ao direito internacional e a participação ativa de palestinos e israelenses. Essa abordagem, respaldada pela Alemanha e demais parceiros europeus, sugere um novo protagonismo na busca de soluções que transcendem o uso exclusivo da força.
Faça um comentário