
Em 30 de junho de 2025, o novo ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, realizou uma visita surpresa a Kiev para reafirmar o compromisso de Berlim com a defesa e a recuperação da Ucrânia. No momento em que Kiev enfrenta o que autoridades ucranianas qualificam como o maior ataque aéreo combinado desde o início da invasão russa — com drones, mísseis de cruzeiro e balísticos —, a presença de Wadephul sublinha a importância estratégica que a Alemanha atribui à estabilidade europeia e à resistência ucraniana.
Detalhes da Visita
Chegando de trem especial na manhã desta segunda-feira, Wadephul foi recebido pelo presidente Volodymyr Zelensky e pelo chanceler Andrii Sybiha. Em encontros bilaterais, enfatizou-se a necessidade de acelerar a entrega de sistemas de defesa aérea modernos, bem como armamentos adicionais para permitir que a Ucrânia defenda efetivamente seu território contra ataques contínuos.
Compromissos Militares
O ministro alemão garantiu “apoio firme” em forma de sistemas de defesa aérea avançados, sensores e munições, mantendo a Alemanha como o segundo maior parceiro militar de Kiev, depois dos EUA. No entanto, reafirmou-se a reserva de Berlim em não fornecer mísseis de longo alcance Taurus, temendo uma escalada que envolva diretamente a OTAN no conflito. Em contrapartida, recordou-se o anúncio de maio do chanceler Friedrich Merz de cooperar com a Ucrânia no desenvolvimento de mísseis de longo alcance sem restrições de uso.
Ajuda Humanitária e Econômica
Além do armamento, Wadephul anunciou novos pacotes de ajuda humanitária para atender deslocados internos e reconstruir infraestrutura crítica, incluindo estradas, pontes e redes elétricas atingidas pelos bombardeios. Também foram confirmados créditos a juro reduzido para empresas ucranianas e programas de capacitação técnica para acelerar a reconstrução pós-conflito.
Pressões Internas na Alemanha
Internamente, o governo de coalizão enfrenta críticas de partidos de oposição que exigem envio mais amplo de armamentos, especialmente sistemas de longo alcance. O chanceler Merz — que busca equilibrar a postura pacifista tradicional com as demandas de segurança — defende a via da cooperação tecnológica, enquanto vozes no Bundestag pedem ações mais diretas para não deixar lacunas na defesa aérea ucraniana.
Reações em Kiev e Moscou
Em Kiev, o agradecimento oficial veio acompanhado de preocupação: as autoridades ucranianas lembram que, apesar do suporte, continuam em desvantagem numérica e tecnológica, sobretudo frente aos ataques sofisticados de mísseis russos. Em Moscou, porta-vozes do Kremlin condenaram a viagem, afirmando que ela “aprofundará a guerra” e que “tomadas unilaterais sem consulta à OTAN terão consequências”.
Implicações para a Política Europeia
O gesto alemão reforça o papel de Berlim como núcleo da resposta europeia à agressão russa. Ao consolidar parcerias de defesa e promover a autonomia ucraniana na produção de armamentos, a Alemanha sinaliza uma estratégia de longo prazo para a segurança do flanco oriental da OTAN, aliviando em parte as incertezas sobre o comprometimento americano com a região.
Desafios e Perspectivas
Apesar das promessas, Kiev ainda necessita de mais baterias de médio e longo alcance para cobrir lacunas no seu sistema de defesa aérea. A produção conjunta de mísseis pelo projeto germano-ucraniano só se materializará a médio prazo, deixando questões urgentes a serem supridas com entregas imediatas de sistemas como IRIS-T SLM e Patriot
Conclusão
A visita de Johann Wadephul a Kyiv, em um momento de intensa ofensiva russa, evidencia a determinação alemã em sustentar a Ucrânia militarmente e economicamente. Ao mesmo tempo, revela as tensões políticas domésticas em Berlim e as flutuações do cenário transatlântico. Com isso, a Alemanha se consolida como peça-chave na manutenção da resistência ucraniana e na defesa dos valores europeus frente aos desafios de segurança do continente.
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