
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy respondeu com firmeza às declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, que sugeria que a Ucrânia seria responsável pela invasão em larga escala da Rússia em 2022. Zelenskiy criticou a afirmação e afirmou que Trump estaria “preso em uma bolha de desinformação russa”, distorcendo fatos fundamentais sobre o conflito.
Em declaração à televisão ucraniana, Zelenskiy refutou a acusação de que a Ucrânia “nunca deveria ter iniciado” o conflito, além de desmentir a alegação de que sua popularidade estaria em apenas 4%. Segundo o líder ucraniano, tais números estariam sendo discutidos entre representantes dos EUA e da Rússia, e ele concluiu que qualquer tentativa de substituí-lo no poder seria infrutífera.
A postura de Trump desde o início de sua gestão tem rompido com a política tradicional dos Estados Unidos em relação à Ucrânia e à Rússia. Ao estabelecer um diálogo direto com o Kremlin – inclusive com a possibilidade de um encontro com o presidente russo Vladimir Putin – Trump sinaliza uma mudança significativa, afastando-se da antiga estratégia de isolamento de Moscou. Essa reorientação, no entanto, vem sendo alvo de críticas não só de Kiev, mas também de aliados europeus, que seguem defendendo uma postura firme contra a agressão russa.
Enquanto isso, Zelenskiy destacou que os Estados Unidos já haviam fornecido à Ucrânia um apoio robusto, com US$ 67 bilhões em armamentos e US$ 31,5 bilhões em suporte orçamentário. O presidente ucraniano criticou, ainda, a demanda americana por US$ 500 bilhões em minerais, classificando-a de “conversa sem sentido”, ressaltando que seu país não pode ser negociado como mercadoria.
Em meio a esse cenário, as conversações entre EUA e Rússia sobre o fim do conflito continuam sem a participação de Kiev e dos aliados europeus. Trump defende que o papel desses parceiros deve se intensificar para que um cessar-fogo efetivo seja garantido. Zelenskiy, por sua vez, propôs que empresas norte-americanas obtenham direitos para extrair minerais valiosos na Ucrânia, como forma de assegurar garantias de segurança para o país – uma ideia que não teve adesão por parte do presidente americano.
No campo militar, a situação permanece crítica. Zelenskiy relatou que a Rússia lançou uma série de ataques com drones na cidade de Odesa, resultando em ferimentos de civis, inclusive uma criança, e prejudicando a infraestrutura energética, o que deixou dezenas de milhares de ucranianos sem aquecimento durante temperaturas extremas. Essa realidade reflete a continuidade dos ataques, que têm causado destruição em larga escala e aumentado o sofrimento da população.
Enquanto os Estados Unidos redefinem sua política externa, a União Europeia segue adiante com novas sanções contra a Rússia. Países como França e Suécia manifestaram sua perplexidade diante dos comentários de Trump e reforçaram a necessidade de uma resposta unida e racional diante da agressão russa.
Com o conflito se aproximando de seu terceiro ano, a comunidade internacional observa atentamente as negociações e os desdobramentos das políticas adotadas por Washington. Em meio a esse turbilhão de acusações e contraposições, a busca por uma solução que garanta a soberania e a segurança da Ucrânia permanece como prioridade para todos os envolvidos.
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