
Em 17 de junho de 2025, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensiy desembarcou em Kananaskis, no Canadá, para apelar ao Grupo dos Sete (G7) por reforço no apoio militar e econômico à Ucrânia diante da invasão russa. A cúpula, sob a presidência rotativa do Canadá, enfrentou divisões internas — agravadas pela saída antecipada do presidente dos EUA, Donald Trump — e debates que vão da guerra na Europa à turbulência no Oriente Médio.
Contexto e Importância da Missão de Zelenskiy
Desde fevereiro de 2022, a Ucrânia dependeu do respaldo ocidental para sustentar sua resistência. A escala de destruição das cidades ucranianas e o aumento de baixas civis, incluindo os 16 mortos no último ataque russo a Kyiv na madrugada de 17 de junho, reforçam o apelo por “pressão máxima” contra Moscou, como enfatizado pelos líderes do G7 na reunião de segunda-feira à noite.
Compromissos do Canadá e Novas Sanções
O primeiro‑ministro Mark Carney anunciou um pacote de assistência militar de C$ 2 bilhões (US $ 1,47 bilhão) para Kiev, além de novas sanções financeiras contra oligarcas e instituições russas. Carney declarou que tais medidas são “fundamentais para manter a solidariedade total com a Ucrânia” após o ataque letal.
Partida Prematura de Trump e Sinais Mistos
Trump abandonou o encontro antes do encerramento, alegando urgência em questões do Oriente Médio. Apesar de negar que a saída prejudicasse as negociações de paz Israel‑Irã, sua ausência diminuiu o consenso previsto. Ainda assim, ele subscreveu a declaração conjunta condenando o Irã como fonte de instabilidade regional e reiterando o direito de defesa de Israel.
No front ucraniano, Trump manifestou simpatia por um projeto de lei no Senado que imporia tarifas ao petróleo russo, mas não assumiu compromisso público com novas sanções.
Tensões Diplomáticas e Outras Prioridades
Além da guerra, o G7 tratou de migração, regulamentação de inteligência artificial e cadeias de fornecimento de minerais críticos. A imprensa relatou atritos visíveis, como o desconforto da premiê italiana Giorgia Meloni durante intervenções do presidente francês Emmanuel Macron. Paralelamente, Trump e o primeiro‑ministro britânico Keir Starmer concluíram acordo para reduzir tarifas mútuas — um movimento que ressaltou as divergências comerciais transatlânticas.
Declaração de Encerramento e Próximos Passos
Ao fim da cúpula em 17 de junho, o Canadá emitiu a “declaração de presidenza”, apoiada por todos os membros — salvo os EUA, já ausentes —, pedindo intensificação das sanções contra Moscou e respaldo às iniciativas de paz lideradas pelos EUA. O documento reforça o direito ucraniano à autodefesa e a disponibilidade para negociações de cessar‑fogo, condicionadas a “pressão contínua”.
Ampliação de Alianças Além do G7
Buscando diversificar apoios, Carney convidou seis países não‑G7 — México, Índia, Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e Brasil — para sessões estratégicas. A estratégia “G7 + 6” visa garantir novo fôlego político e econômico à Ucrânia, enquanto reduz a dependência comercial do Canadá em relação aos EUA.
Reação de Moscou e Perspectivas Futuras
Do lado russo, o Kremlin rejeitou a relevância do G7, ecoando Trump ao chamar o grupo de “bastante inútil”. A frieza de Moscou realça o desafio: converter declarações em medidas que realmente afetem a capacidade financeira e militar russa. O próximo teste de Zelensky será na cúpula da Otan em Haia, a partir de 24 de junho, para selar novos compromissos antes do inverno europeu.
Conclusão
A visita de Zelensky a Kananaskis expôs tensões dentro do G7, mas também rendeu compromissos concretos do Canadá e a manutenção de sanções. A eficácia desse esforço dependerá da coerência entre aliados — especialmente com os EUA sob a presidência de Trump — e da capacidade de transformar promessas em apoio contínuo, crucial para a defesa e a reconstrução da Ucrânia.
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