
De 20 a 22 de maio de 2025, os ministros das Finanças e governadores de bancos centrais do G7 reúnem‑se em Banff, Alberta, para tentar preservar a unidade do bloco em um momento de tensões comerciais sem precedentes. Sob a co‑presidência do canadense François‑Philippe Champagne e do governador do Banco do Canadá, Tiff Macklem, o encontro abordará não apenas as tarifas bilaterais dos EUA, mas também a segurança econômica, o apoio à Ucrânia, a cooperação em inteligência artificial e o fortalecimento de instituições multilaterais como o FMI e o Banco Mundial.
O Contexto das Tarifas Americanas
Desde abril, Japão, Alemanha, França e Itália enfrentam a perspectiva de terem suas alíquotas “recíprocas” dobradas para 20% ou mais, enquanto o Reino Unido lida com 10% e o Canadá com 25% de sobretaxa sobre boa parte de suas exportações. Esses desdobramentos complicam a exigência americana de que aliados pressionem economicamente a China, um ponto que ministros europeus e asiáticos certamente levantarão nas conversas bilaterais com o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
Agenda Não Tarifária: Buscando Consenso
Apesar do pano de fundo comercial, o G7 pretende entregar um comunicado conjunto que avance em várias frentes:
- Apoio à Ucrânia: Com a presença do ministro Serhii Marchenko, espera‑se uma reafirmação genérica de sanções à Rússia e de suporte financeiro, embora sem os detalhes do pacote de US$ 50 bilhões anunciado em outubro de 2024.
- Segurança Econômica e Imbalances: Bessent defende foco nos desequilíbrios e práticas não‑mercado, mirando especialmente o modelo estatal chinês de subsídios e capacidade ociosa excessiva.
- Cooperação em Inteligência Artificial: Diálogo sobre padrões éticos e de segurança para tecnologias emergentes, evitando que IA se torne ferramenta de desestabilização.
- Fortalecimento do FMI e do Banco Mundial: Reafirmação de apoio e incentivo para que concentrem esforços em suas missões clássicas de estabilidade e desenvolvimento.
- Combate a Crimes Financeiros: Acordos para agilizar troca de informações e endurecer medidas contra lavagem de dinheiro e financiamento ilícito.
- Papel do Setor Privado: Incentivo ao investimento empresarial em infraestruturas resilientes, alinhado à agenda de “re‑privatização” e redução de regulação defendida por Bessent.
Desafios na Redação do Comunicado
Fontes do G7 admitem que o texto final será menos específico que o de 2024, evitando menções diretas às tarifas de Trump e culpabilizações explícitas pelas incertezas econômicas. A área de clima deve permanecer vaga, dada a resistência interna americana à agenda verde — outro ponto que tende a manter linguagem diplomática e genérica.
Participantes e Logística
Além dos sete membros, o encontro em Banff conta com a presença de:
- Chefes do FMI, Banco Mundial, OCDE e Conselho de Estabilidade Financeira (FSB)
- Presidente do Grupo de Ação Financeira (FATF)
- Representante da União Europeia
- Ministros de Finanças de países convidados, como a Ucrânia
As sessões cobrirão de “economia global” a “segurança econômica”, com momentos abertos à imprensa no início e fim do evento.
Preparando o Terreno para Kananaskis
Este encontro ministerial é prelúdio à cúpula de líderes que ocorrerá de 15 a 17 de junho em Kananaskis, Alberta. A unidade demonstrada em Banff funcionará como cartão de visita para a agenda global do G7, reforçando a ideia de que, mesmo em tempos de disputas comerciais, há espaço para cooperação estratégica.
Conclusão
O êxito em Banff será medido não apenas pela redação de um comunicado coeso, mas pela capacidade de os aliados equilibrarem interesses díspares — comerciais, tecnológicos e geopolíticos — sem abrir mão da coesão. Em um cenário de crescente multipolaridade, preservar a aliança ocidental em torno de valores compartilhados poderá ser a maior contribuição deste encontro.
Faça um comentário